Matthew Weiner nos deus sete maravilhosas temporadas de
Mad Men sob a condução excêntrica e viciante de Don Draper, com vários prêmios conquistados
ao longo dos anos, uma comunhão de fãs que até hoje chora o fim da produção,
seguir adiante com uma nova produção, uma nova historia não seria das tarefas
mais fáceis, talvez por isso o produtor, diretor e roteirista tenha escolhido
desenvolver The Romanoffs nova série original do Prime Vídeo, que ao invés de
focar em uma historia ao longo de todo uma temporada, entrega a cada episódio
um filme diferente de 90 minutos com elenco completamente diferente do episódio
anterior, bem no estilo Black Mirror, e consegue pelo menos ao longo dos três
episódios enviados para a imprensa entregar uma produção de uma qualidade artística
e visual impecável, elenco impecável e texto perfeito para uma trama que tem
como único fio que conecta a temporada é a linha de sangue que corre em seus
personagens.
1x01 – The Violet Hour – A série começa de forma elegante
e deixando claro o que serviço de streaming da Amazon, não poupou custos para
uma produção que se inicia em Paris na França, contando a história de Anushka
(Marthe Keller) uma aristocrata idosa, rancorosa que é assistida pelo seu sobrinho
americano Greg (Aaron Eckhart) e sua namorada francesa Sophie (Louise
Bourgoin). Ela os mantem na linha com a promessa de deixar de herança um Ovo
Fabergé e seu apartamento estonteante, que no passado havia sido usado por um
rei russo como esconderijo para encontrar-se com sua amante.
O peso nas costas de Greg é aliviado e depois carregado
novamente, com a chegada da nova cuidadora de Anushka, Hajar (Inès Melab) uma
mulher muçulmana que pacientemente controla a amargura e racismo de Anushka,
eles desenvolvem um relacionamento
estranho e culturalmente carregado no qual o passado se reconcilia com a Europa
do presente e que esta em evolução continua, até que o ultimo ato da produção destrói
a construção do personagem no roteiro em prol de um final chocante.
1x02
– The Royal We – O segundo episódio muda de cenário para os subúrbios americanos
e seu tom para uma farsa conjugal, somos apresentados a Shelly (Kerry Bishé)
que se encontra de férias sozinha, quando seu marido mimado e insatisfeito
Michael (Corey Stoll) inventa uma desculpa para cancelar os planos de descanso,
o pronto principal é que as férias são na verdade um cruzeiro temático para
descendentes de Romanov, ele é, mas ela não.
Bishé é luminosa em cena, mas carente no papel de esposa
sofrida, e o episódio acha a tediosa crise de meia-idade de Michael mais
interessante do que realmente é, mas as cenas no cruzeiro repletas de idosos
americanos fazendo cosplay de nobres russos do inicio do século 20 são
transportadoras. Fica uma sensação em ambos os episódios iniciais de que os
personagens foram distorcidos e azedados por lendas familiares que estão
fadados a falhar, assim como Mad Men que também era fascinada por essas camadas
da historia e as extremidades da pequena nobreza desbotada, deixando o gosto de
há um pouquinho de Pete Campbell em cada um desses nobres modernos.
1x03 – House Of Special Purpose – O terceiro episódio da produção
foca em Olivia (Christina Hendricks) uma atriz de destaque na Austria que esta
gravando uma minissérie sobre os Romanov dirigida pela poderosa Jacqueline
(Isabelle Huppert), a atriz francesa é impressionante em cena sua grosseria é
gradualmente dado lugar a à mania, a historia uma apresentação do showbiz com
elementos de terror no estilo Rod Sterling é cada vez mais exagerada a cada
minuto.
Os episódios parecem longos de mais e embora a Amazon
tenha claramente investido na série, filmada em sete países, ela não é
dimensionada visualmente para corresponder, os episódios são do tamanho de um
filme, mas dirigido por Weiner como se fosse feito para televisão. Dito isso, é
louvável a audácia na ideia, a diversão nos diálogos, a imprevisibilidade da
narrativa, enquanto filme o episódio de uma série sobre uma minissérie que esta
sendo gravada.
The Romanoffs é uma produção qualidade impressionante,
texto primoroso, elenco invejável e audácia a ser aplaudida, mas não é só isso,
é mais um “Black Mirror” sobre relacionamentos, privilégios e classes
dominantes cada vez mais em declínio, todos os três episódios enviados para a
imprensa envolvem mulheres que navegam em estruturas de poder desiguais ou
lidam com homens que agem de forma errada, como costumava acontecer em Mad Men,
a produção não é como uma Matriosca (boneca russo em que uma peça vai dentro da
outra) é uma série de criações ornamentadas, mas pesadas, um conjunto de
riquezas que impressionam pela nível de qualidade que as produções de tv e
streaming tem entregado nos últimos anos.
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