Trama Fantasma - Crítica



                Trama Fantasma chega ao Brasil cercado de expectativas, por ser o oitavo filme do cineasta Paul Thomas Anderson e o ultimo filme antes da aposentadoria do ator Daniel Day-Lewis, a produção é uma obra sobre impressões e como esse desejo de compreensão e entendimento pode aos poucos ser talhado milimetricamente enquanto outra mensagem esta ali sendo dita, o filme esta no meio de um embate entre conteúdo e forma, entre adereço e a essência entre a embalagem e matéria em si, num jogo muito perspicaz que leva seu publico a um sentimento de suspensão ao longo de sua projeção.

            Sinopse: “Década de 1950. Reynolds Woodcock (Daniel Day-Lewis) é um renomado e confiante estilista que trabalha ao lado da irmã, Cyril (Lesley Manville), para vestir grandes nomes da realeza e da elite britânica. Sua inspiração surge através das mulheres que constantemente entram e saem de sua vida. Mas tudo muda quando ele conhece a forte e inteligente Alma (Vicky Krieps), que vira sua musa e amante”.



            Muitas das duvidas e questionamentos gerados no filme se devem justamente na forma como uma narrativa que parece extremamente comum é escrita, mas também perfeitamente filmada por um diretor experiente, um jogo muito mais profundo que um filme tecnicamente bem feito, ou com um roteiro cheio de falsas reviravoltas ou pretensas surpresas, o filme conta a historia de um estilista que praticamente por acaso descobre inspiração e desejo numa simples garçonete, fazendo com que ela entre na sua vida privada e seja fonte de inspiração para seu trabalho e amor, assim como uma desiluação e entrega.

            A obra parece um filme sobre essa relação e as artimanhas que as duas pessoas fazem para sempre se manterem unidas, mesmo que isso pareça uma obsessão ou até mesmo desprezo, caracterizar o longa apenas por essas características seria cair em uma armadilha extremamente grande, algo que pode ser levado por uma precipitada interpretação após o fim do filme, é necessário deixar que a história descubra aos poucos que suas camadas, onde esse jogo de interpretação maravilhosas, imagens e tramas sejam suavizados, façam sentido em um mundo onde as aparências estão sempre afastando objeto daqueles que o adquiriram, afirmação que diz respeito a uma relação entre os vestidos do protagonista e suas clientes, a relação amorosa entre os dois personagens principais e a relação entre o longa e seu espectador.


            Todos as reviravoltas e desdobramentos da trama são muito bem planejados pelo diretor Paul Thomas Anderson, algo que faz com que a obra conecte-se a um jogo para além da projeção, um jogo que auto alimenta o próprio filme, o protagonista faz peças de alta costura, não acredita nem mesmo no que é tendência, nem naquilo que é chic, apenas no que é bonito, no que é legitimamente seu, assim como realiza suas coleções troca de namorada, ao que tudo nos indica Alma será mais uma dessas tantas.

            Trama Fantasma é um filme que leva consigo um recado para todos os concorrentes dos grandes prêmios, como se indagasse quais são seus reais interesses, o que realmente diz seu pensamento conceitual e formal, porque tudo isso é sobre aparências e o que existe além delas, uma obra instigante, sinuosa e extremamente dissimulada nos melhores dos sentidos, que se diferencia em uma produção onde tudo esta sempre tão dado, é um filme sobre o prazer de esconder o jogo e de descobrir o quão mais prazeroso ainda pode ser revela-lo.



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