Pequena Grande Vida - Crítica



            Existem filmes que fazem questão de evidenciar seu ponto de vista, Pequena Grande Vida novo filme do cineasta Alexander Payne é um desses, com uma premissa que daria vida a toda ficção que movesse realmente a narrativa a direção e tudo o que a obra deseja transmitir, no filme a ideia de um mundo reduzido, em que homens em busca de uma vida melhor aceitam reduzir de tamanho para desfrutar de uma sociedade que tem como pretensão ser melhor.

            Sinopse: “Na cidade de Omaha, as pessoas descobrem a possibilidade de reduzir de tamanho para uma versão minúscula, a fim de terem menos gastos vivendo em pequenas comunidades que se espalham pelo mundo. Encantado após ter contato com amigos que passaram pelo processo, um homem (Matt Damon) decide convencer sua esposa (Kristen Wiig) a adotar o curioso novo estilo econômico de vida”.



            O filme sobrevive dessa sua ideia que em um primeiro momento, pelo menos aos olhos de seus realizadores, parecia um tanto quanto interessante, algo que tenta vender o mundo de uma forma nova, construindo uma alternativa de futuro e trazendo uma relação entre utopia e distopia, algo que se apresenta como bom, que alimenta uma esperança, mas que também pode apresentar um forte sintoma de um futuro que ressalte apenas os erros humanos, não é por acaso que o longa utilize boa porte de sua projeção para explicar esse seu mundo novo, mostrar como ele foi criado, como se desenvolveu e até mesmo como chegou a todos, mostrando nessa introdução os prós e contras daquela nova solução para um mundo melhor.

            Essa ideia de mundo de fato é o que mais interessa na produção e talvez aquilo que seu realizador Alexander Payne (Nebraska, 2013) mias se mostra envolvido e interessando em transmitir ao espectador, é nela que ele coloca importância no filme justamente por ir contestando aos poucos essa substituição por uma vida em miniatura enquanto os problemas socioambientais seguem os mesmos, a questão é jogar com essa realidade que parece apenas ser replicada numa caixa, com a intensão de reproduzir o que vemos em uma escala menor.


            O grande problema dessa narrativa maluca é que no meio dela, e desse discurso pré-organizado deve haver um desenvolvimento narrativo coerente, e um personagem que faça ações para que todos esses temas e pontos surjam dentro de um discurso de imagens, é apenas com esse mundo já bem explicado nos mínimos detalhes que conhecemos o protagonista dessa, um americano comum que sonha em dar uma vida melhor para ele e sua mulher Paul e Audrey Safranek (Matt Damon e Kristen Wiig), que trabalha como terapeuta ocupacional, e junto a sua esposa batalham para terem uma condição financeira melhor e até cuida de sua mãe doente, uma insatisfação com aquilo que o cerca faz com que ele pense em ir para a cidade em miniatura, onde suas economias se tornariam uma fortuna.

            Da metade para o fim o filme dá uma virada, com o protagonista percebendo que aquele mundo até então perfeito não é tão bom assim, vendo comunidades carentes as margens das grandes cidades, ou pessoas mandadas para lá a força, com uma vietnamita ativista importante para trama Ngoc Lan Tran (Hong Chau) é através dela que o protagonista começa a enxergar o mundo que antes nunca havia percebido, se antes apenas olhava para seu umbigo, e seus problemas, agora ele vê a chance de realmente fazer algo para ter um mundo melhor com menos desigualdade e mais oportunidades.

            Pequena Grande Vida é um filme que ao longo de sua projeção se mostra falho ao fazer dessa ideia de um mundo melhor, algo mais importante do que qualquer outra coisa, evitando dar a suas figuras humanas uma importância tão grande, quanto aquela premissa inovadora, no final das contas percebe-se que nem a ideia é tão nova assim, muito menos a construção em torno dela, e toda aquela pretensão de comentar uma  possibilidade futura é apagada, se tornando apenas um discurso vazio e demagogo que surge sem nenhum despojamento verbalizado na cabeça de seu espectador.



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