Desde o inicio da segunda fase de
filmes do universo compartilhado da Marvel, não coincidentemente quando a Walt
Disney Company tomou conta de vez da casa das ideias, a questão familiar é um
ponto sempre muito central em todas as suas produções cinematográficas, os próprios
vingadores tornaram-se com o tempo um exemplo de uma grande família imperfeita
que lida com suas diferenças e crenças, Pantera Negra novo herói a entrar para
a família não é diferente e se o primeiro Guardiões da Galáxia ousava ao
alterar o modo de como um herói se relacionava com o publico, o longa dirigido
por Ryan Coogler tem em si a audácia de rever os parâmetros desse tema
fundamentado e dessa formula batida.
Sinopse: “Após a morte do rei T'Chaka (John Kani), o príncipe T'Challa
(Chadwick Boseman) retorna a Wakanda para a cerimônia de coroação. Nela são
reunidas as cinco tribos que compõem o reino, sendo que uma delas, os Jabari,
não apoia o atual governo. T'Challa logo recebe o apoio de Okoye (Danai
Gurira), a chefe da guarda de Wakanda, da irmã Shuri (Laetitia Wright), que
coordena a área tecnológica do reino, e também de Nakia (Lupita Nyong'o), a
grande paixão do atual Pantera Negra, que não quer se tornar rainha. Juntos,
eles estão à procura de Ulysses Klaue (Andy Serkis), que roubou de Wakanda um
punhado de vibranium, alguns anos atrás”.
Coogler conhecido pelo imenso sucesso
de Creed escrito em parceria com Joe Robert Cole, fazem do filme uma tragédia onde
o esfacelamento familiar é levado a um patamar de importância muito maior,
movendo verdadeiramente todos os impulsos e ações de heróis e vilões, isso se
relaciona muito com o ícone desse herói, que somente agora ganha um filme solo,
ele não é apenas um super defensor, mas também o rei de uma nação, guerreiro
escolhido pelos deuses e o único herói negro desse imenso universo
compartilhado de super-heróis, fatores que fazem com que a noção de família tome
outra proporção, como se seus irmãos, pais e filhos se estendessem não apenas
com aqueles de laço sangue.
Pantera Negra é um filme sobre como é
necessário perceber que uma separação esta a caminho e que isso pode causar
serias consequências, é sobre enxergar as consequências de seus atos por ser
quem é, pior ainda o longa apresenta essa divisão familiar o tempo todo
escondida, sendo revelado aos poucos, traições que se mostram mais complexas,
revelando outras traições, quando isso envolve tribos, tronos e monarquias esse
patamar ganha dimensões gigantescas e grandiosas, onde irmãos corroem-se por
poder, juram lealdade a questões fugazes sem pensar naquele vinculo que ali
existe.
O longa parte do momento em que T’Challa
deve assumir o trono como rei de sua nação, dando inicio sua narrativa logo
após os eventos vistos em Guerra Civil, aqui já fica muito claro que o longa
não é uma simples narrativa de origem, o desafio desse herói não é lidar com
seus poderes, ou com seus primeiros vilões, desde pequeno ele foi preparado
para esse momento, o protagonista deve entender suas novas responsabilidades,
compreender o que ele deve fazer no comando de uma nova nação, na difícil missão
de manter unidas as nove tribos que fazem parte de Wakanda, mais do que isso o
novo rei deve aos poucos perceber quais foram os erros de seus antepassados e
mantem a união entre irmãos tão diferentes com pensamentos tão opostos.
A narrativa proposta pelo filme
muitas vezes é repleta de voltas, de uma falta de concisão que freia o fluxo e
o ritmo da produção, mas é interessante observar como aos poucos, essa missão
do jovem rei vai demonstrando-se mais complicada, onde seus familiares demonstram
complicações que não apreciam em um primeiro olhar, é bem verdade que parece um
desperdício o longa ficar tanto tempo em Klaue personagem vivido por Andy
Serkis que esta longe de ser o vilão do filme, é mais uma peça narrativa para
fazer com que o verdadeiro conflito aconteça, o filme ganhar uma energia impressionante
quando T’Challa encontra-se com Killmonger (Michael B. Jordan) quando
finalmente aqueles laços familiares são revelados essa divisão é colocado em
questão.
Os motivos de Killmonger são mais do
que compreensivos, T’Challa está no posto de perceber os erros de sua linhagem,
há ali um material humano muito forte, um filme que não trata suas personagens
como meras figuras de ação prontas para se estapearem, mas busca entender suas
complexidades. Michael B. Jordan é um típico gangster de filme policial dos
anos 2000, e ele almeja vingança e violência, mas praticamente chora ao dizer
que teve que matar irmãos negros para chegar naquele encontro com o Pantera
Negra, seus objetivos por mais tortos que sejam também são legítimos. Chadwick
Boseman é rei e super-herói, mas por um momento percebe que seu oponente tem
suas razões, questionando a dinastia que agora ele serve, revendo seu próximo
passo e seu próximo golpe. Chega a ser surpreendente quão humano são esses personagens
dentro do universo Marvel.
Essa relação fica ainda mais
interessante ao notar-se o sútil comentário político que o filme propõe. De um
lado está um radicalismo, um homem que deseja chegar aos poderes e armar seus
irmãos oprimidos e agir como opressor, pois o mundo fez sofrer e ninguém nega
isso. Do outro, há praticamente um pacifista, que prega a defesa dos semelhantes,
no máximo uma reação, mas de forma alguma um ataque. Situações opostas numa
mesma posição, aqui claramente a luta contra o racismo e uma colocação negra,
debate que vem desde Malcom X e Martin Luther King, algo complicado de se
colocar num blockbuster, podendo cair num simples maniqueísmo da situação. A
resposta vem nessa conciliação de olhares, de perceber o que há de sincero no
discurso dos outros, ainda que um apresente-se como vilão, há a necessidade de
compreender os motivos pelo quais se prega a violência como resposta, entender
o processo como um todo.
Pantera Negra, provavelmente é o
filme mais consciente da Marvel Studios, não somente em comentário politico,
mas como trabalha a sua temática máxima dentro do universo compartilhado e como
se mantem firme e coerente com suas próprias escolhas narrativas, o longa marca
uma mudança não somente no universo Marvel, mas abre a possibilidade de dentro
de um filme de super-herói seja inserido particularidades arrojadas sem que
toda a empolgação seja deixada de lado, é acima de tudo um trabalho impecável do
diretor e roteirista Ryan Coogler que mesmo com milhões de dólares, faz uma produção
seria, coesa, importante e necessária.
O que eu achei melhor sobre o filme, e você mencionou, é a construção do Killmonger. O fato de sentir que o vilão do filme ja está certo o torna excelente. Michael B. Jordan reflete seu talento com o personagem e o excelente ator que ele pode ser. Eu vi que ele estrela na adaptação do livro Fahrenheit 451. Na minha opinião, será um dos os mehores filmes de drama de este ano. O ritmo do livro é é bom e consegue nos prender desde o princípio. O filme vai superar minhas expectativas. Além, acho que a sua participação neste filme realmente vai ajudar ao desenvolvimento da história.
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