O Que Te Faz Mais Forte - Crítica



            Filmes baseados em fatos reais e que possuem em sua narrativa uma historia de superação trazem consigo uma carga motivacional que muitas vezes acaba por assolar o seu real potencial narrativo, porque de modo geral, atrelado a esse fator encontra-se um discurso piegas aprisionado em uma manipulação feita de forma extremista sem delicadeza ou suavidade alguma, agora chega aos cinemas o filme O Que Te Faz Mais Forte, o titulo por si só sinaliza que ele tem como principal objetivo passar uma mensagem inspiradora, ainda que para fazer isso se utilize de todos os artificias emocionais possíveis.

            Sinopse: “As memórias de Jeff Bauman (Jake Gyllenhaal) sobre o dia mais impactante de sua vida, 15 de abril de 2013. Enquanto esperava seu grande amor, Erin (Tatiana Maslany), finalizar a participação na Maratona de Boston, ele foi atingido por uma das bombas do atentado terrorista e perdeu as duas pernas”.



            A produção nos apresenta os percalços na vida de Jeff a partir do momento que tem que lidar com um infortúnio muito maior do que tudo o que já havia passado em sua vida, responsável por transformar a sua forma de enxergar as situações e as pessoas ao seu redor, basta um estampido para desastre surgir na maratona de Boston em 2013, cenário onde ele aguarda Erin, jovem com quem mantem uma relação cheias de idas e vindas, refém de recentes problemas na relação amorosa.

            Adaptação do livro de mesmo nome do filme, escrito por Bret Witter e pelo próprio Jeff Bauman, o filme com direção de David Gordon Green (Profissionais Da Crise, 2015), faz questão de acentuar de modo desequilibrado a tragédia física e psicológica, de apelo nada atraente, vide os momentos em que o jovem rememora o dia do atentado, que não poupam sangue e mutilação, tendo como único intuito o choque, uma vez que a cena em si não serve para avançar a trama e tampouco desenvolver outros aspectos das características emocionais do personagem a essa altura no longa.


            A maneira como o diretor conduz a trama tira por completo o peso das boas atuações do elenco, visto que estão submetidos a uma narrativa constrangedora que se instaura com o passar do filme, capaz ate mesmo e deturpar um lampejo ou outro de tensão, a cena que sucede a aparição de Jeff ao lado de Erin em um jogo eliminatório de hóquei no gelo ilustra de forma muito clara essa incapacidade do diretor, já forma da pista ao acessarem o elevador vemos Tatiana Manslany se empenhando em transmitir que muitas vezes o silencio pode comunicar muito mais que palavras, porem a cena perde impacto pelo insistente olhar fixo e estranho soando um tanto como caricato, nem mesmo o experiente Jake Gyllenhaal esta imune as afetações, preso a exaltação de seu personagem marcado ao longo do filme pelos constantes gritos.


            O Que Te Faz Mais Forte expõe inúmeras deficiências ao longo de sua projeção, porém o retrato que constrói, exibindo uma família sem decoro algum, centrada principalmente na figura da mãe, de postura malcriada e desbocada, o fato do protagonista chegar até o espectador como um sujeito que não se considera um exemplo, quiçá um herói, por lutar por sua sobrevivência é um dos pontos que atribuem uma sobrevida a produção, mas infelizmente não dura muito tempo, devido ao pobre tratamento de sua narrativa que a todo custo quer exercer controle sobre as emoções do publico. 


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