Eu, Tonya - Crítica



            Eu, Tonya parte de um principio nobre, alterar um discurso já cansativo que há algum tenso perdura pela mídia e como um discurso oficial, algo que caracterizou para sempre a figura de uma mulher, o filme reconta a historia da patinadora Tonya Harding, um prodígio do esporte no gelo que acabou envolvida em um escândalo envolvendo seu marido e uma tentativa de sabotar sua concorrente Nancy Kerrigan, polemica que virou capa de todos os jornais americanos por muito tempo.
            Sinopse: “Desde muito pequena exibindo talento para patinação artística no gelo, Tonya Harding (Margot Robbie) cresce se destacando no esporte e aguentando maus-tratos e humilhações por parte da agressiva mãe (Allison Janney). Entre altos e baixos na carreira e idas e vindas num relacionamento abusivo com Jeff Gillooly (Sebastian Stan), a atleta acaba envolvida num plano bizarro durante a preparação para os Jogos Olímpicos de Inverno de 1994. Baseado em fatos reais”.



            O diretor Craig Gillespie (Horas Decisivas, 2016) parte do principio de apresentar essas figuras forjadas que todos só conhecem por um registro transmitido pelas noticias e através de fotos escritos por terceiros, o cineasta começa o filme com planos fixos nas quatro figuras centrais do filme, num aspecto de tela que faz o cinema remeter as televisões de tudo, o confronto é este o discurso visto ali busca entender, ou deseja que o espectador compreenda que há outra Tonya Harding desconhecida por nós.

            Essa árdua missão que busca humanizar a protagonista vem unida de outra obsessão do filme, um desejo por ser uma nova verdade absoluta, é até curiosa a forma como o longa busca desconstruir um retrato feito pela mídia, acredite plenamente que a sua representação dos fatos é a verdadeira e a única em que devemos acreditar, esse desejo por se apresentar como verdade parece fazer com que a produção sempre esteja reafirmando seu lado, como se a narrativa não valesse a pena, como se os motivos apresentados ali não fossem o suficiente para romper com um retrato pré-fabricado.


            Com todos esses elementos, o filme tem um desejo absurdo por querer conquistar seu espectador de qualquer forma, seja por sua conexão com a realidade, seja por buscar uma aura pop em torno de todo aquele drama, a produção torna-se aquele típico filme que quase todas as emoções são embaladas por uma musica de sucesso, a fim de potencializar os sentimentos do publico utilizando-se das emoções causadas pelas canções ouvidos ao longo das cenas, a colagem musical muitas vezes é apenas uma embalagem para tudo aquilo que vemos, conquistando por um fator ou outro que não esta dentro do filme propriamente dito, algumas vezes apenas o diretor faz da sua trilha sonora um comentário inteligente, como a utilização da musica Romeo and Juliet da banda Dire Straits que é ouvida ao fundo da cena que mostra o espancamento de Tonya por seu marido.


            Eu, Tonya é um filme que clama por uma popularidade absurda, algo que soa até mesmo injusto com aquela figura real, quando a sua possibilidade de redenção, de dar a oportunidade de contar a sua versão da sua própria historia extremamente divulgada vire justamente outro circo dos horrores, uma fonte apenas para um entretenimento, com uma trilha sonora embalada que faz com que o publico cante enquanto a heroína do filme apanha, perde seu chão, cai e é totalmente arruinada, uma vez mais o cliente sai satisfeito do estabelecimento ao receber exatamente aquilo que queria, nesse caso uma falsa impressão do que é a realidade.


Comentários

  1. O elenco de apoio é igualmente bom, especialmente Tracy Letts como o pai desempregado, Lucas Hedges como o “crush” do colégio, e Beanie Feldstein como a melhor amiga Julie. Quando leio que um filme será baseado em fatos reais, automaticamente chama a minha atenção, adoro ver como os adaptam para a tela grande. Tambem recomendo assistir Dunkirk, adorei este filme, é um dos melhores filmes baseadas em fatos reais drama.A história é impactante, sempre falei que a realidade supera a ficção. É interessante ver um filme que está baseado em fatos reais, acho que são as melhores historias, porque não necessita da ficção para fazer uma boa produção.

    ResponderExcluir

Postar um comentário