Todo e
qualquer filme com assinatura de Steven Spielbierg tem o peso da expectativa
criada pelo espectador de assistir algo que diferenciado, seja em suas
grandiosas aventuras, ou seus aclamadíssimos dramas, um elemento muito forte esta
presente sempre o dialogo com quem esta na cadeira do cinema, como se existisse
a preocupação do diretor em passar a mensagem de forma clara e absoluta para a
plateia, sempre na forma de uma conversa franca com que esta pagando para
assistir suas produções, com The Post: A Guerra Secreta não é diferente.
“Kat Graham (Meryl Streep) é a dona do The
Washington Post, um jornal local que está prestes a lançar suas ações na Bolsa
de Valores de forma a se capitalizar e, consequentemente, ganhar fôlego
financeiro. Ben Bradlee (Tom Hanks) é o editor-chefe do jornal, ávido por
alguma grande notícia que possa fazer com que o jornal suba de patamar no
sempre acirrado mercado jornalístico. Quando o New York Times inicia uma série
de matérias denunciando que vários governos norte-americanos mentiram acerca da
atuação do país na Guerra do Vietnã, com base em documentos sigilosos do
Pentágono, o presidente Richard Nixon decide processar o jornal com base na Lei
de Espionagem, de forma que nada mais seja divulgado. A proibição é concedida
por um juiz, o que faz com que os documentos cheguem às mãos de Bradlee e sua
equipe, que precisa agora convencer Kat e os demais responsáveis pelo The Post
sobre a importância da publicação de forma a defender a liberdade de imprensa”.
Spielberg é
um dos diretores mais fundamentados nessa relação de confiança com a plateia
algo que traduz no valor que o publico em geral dá a suas produções, essa
relação direta com o espectador é perfeitamente utilizada em The Post, e define
bem todos os procedimentos escolhidos pelo cineasta para narrar esta historia,
o longa conta os eventos reais quando final dos anos sessenta, arquivos
confidenciais que comprovavam as deficiências do governo americano na Guerra do
Vietnã são expostos pela mídia americana, as coisas ficam ainda pior quando a
Casa Branca proíbe que jornais como New York Times divulgue mais informações
sobre o caso, colocando a imprensa e a liberdade de noticiar em xeque, o filme
caminha junto a essa jornada dos participantes do jornal The Washington Post
que passam a buscar mais informações sobre o caso, ainda que sua nova chefe Kat
Graham (Meryl Streep) seja uma figura sempre presente nas confraternizações de políticos
envolvidos até o pescoço naquele escândalo.
O roteiro
assinado por Liz Hannah e Josh Singer (Spotlight, 2015) escolhem dois pontos de
vistas para desenvolver a narrativa, a fim de justamente conseguir abrir um
certo dialogo mais amplo com o espectador e temas mais relevantes, o longa é
contado através de Bem Bradlee (Tom Hanks) redator chefe do jornal na época que
vê nesse conflito um possível passo adiante na sua carreira, percebendo que
pode fazer historia em relação as suas possibilidades como jornalista, e também
temos o ponto de vista de Kat Graham (Streep) que após anos vendo o jornal ser
comandado pelo seus pai e depois pelo marido, agora se vê a frente do The
Washington Post tendo que aprender diariamente a lidar com o jogo e desfazer
seu pacto com típico papel de dama da sociedade.
Essas duas
figuras centrais do filme representam respectivamente a força e a
responsabilidade midiática, que deve ter seus deveres preservados, independente
de governos ou governados, mas manter uma responsabilidade com alguma verdade
dos fatos e a total liberdade de falar sobre eles, o filme não é apenas um
thriller jornalístico, mesmo que a tensão excitante e o suspense crescente ao
ver aqueles homens e mulheres em busca dos arquivos do governo americano seja
extremamente empolgante e envolvente, o longa busca na verdade uma conexão e
aproximação com a realidade do espectador.
The Post: A
Guerra Secreta é um filme que vale a pena ser visto, a sensação após assisti-lo
é realmente a sobra entre emoções de um thriller de época e uma narrativa de
conscientização, mas sofre com um certo cientificismo como se nesse dialogo com
o publico todas as informações precisassem esta na mesa, algo que faz o longa
colocar uma pilha de nomes e informações em seus minutos iniciais, porém a ponte
construída por Spielberg entre aquilo que deseja ser falado e como é falado é
muito bem estabelecida, algo que torna a obra relevante e precisa, a conversa
franca do diretor ainda que existam temas que ele não dominam perfeitamente é
uma de suas maiores qualidades e fatores mais fortes do sucesso de suas
produções.
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