Há algum
tempo percebemos que o ator George Clooney tem se arriscado em outras áreas do
ramo cinematográfico, produzindo alguns filmes, e principalmente se arriscando
a sentar-se na cadeira atrás das câmeras, e quem assiste aos filmes conduzidos
pelo astro de Hollywood percebe com clareza a sua ousadia em se arriscar e a
cada vez experimentar sensações e emoções que ele como ator não teve, pois
sempre foi tachado como “galã” de cinema, essa curiosidade pela experimentação
fica ainda mais notável em seu novo filme “Suburbicon: Bem-Vindos ao Paraíso”
que chega aos cinemas nessa quinta-feira dia 21 de Dezembro.
“O mistério
de um crime envolvendo uma família durante a década de cinquenta, onde o melhor
e o pior da humanidade é refletido através dos atos de pessoas aparentemente
comuns, quando uma invasão de domicilio se torna mortal, uma família de imagem
perfeita se submete à chantagem, vingança e traição”.
A produção é
uma comédia de humor negro, algo que pouco se conecta com os outros longas
dirigidos pelo ator, nenhum dos filmes anteriores do galã nem ao menos se
aproxima de Suburbicon nem ao menos no tom ou estética. Algo que levamos em
consideração é que Clooney ao longo dos anos trabalhando no cinema norte
americano colheu muito repertorio, influencias e experiências nessa função um
fator que pode ser percebido com clareza ao assistir esse filme.
Escrito
pelos aclamados Irmãos Coen (Onde os fracos não têm vez, 2008) que conseguem de
maneira impressionante se conectar com o diretor de maneira profunda, pois já
trabalharam com ator em outras ocasiões (E Aí Meu Irmão, Cadê Você de 2000 e
Ave, Caesar! De 2016) ver o roteiro assinado em conjunto com os dois cineastas não é nenhuma surpresa, a mão
desses dois autores já extremamente consagrados é presente no filme, e apesar
deles já terem escrito roteiros para outros diretores, caso de Ponte de Espiões
dirigido por Steven Spielberg, aqui há muito mais a sensação de um filme dos
Coen dirigido por outra pessoa, é nesse trabalho que Clooney sente o peso de
uma referência próxima, de um estilo que o agrade que o faz incorporar em sua
direção, algo que vai muito mais além do desenvolvimento narrativo, mas que
está presente em toda a obra.
O filme se
passa em subúrbio americanos durante a década de cinquenta, um local sinônimo
de conforto, tranquilidade e segurança, as coisas mudam quando uma família
negra passa a morar em uma das casas de “Sububicon”, gerando uma revolta dos
locais que não conseguem admitir a presença dos novos vizinhos, com argumentos
porcamente racistas, enquanto as tensões raciais aumentam nas pacificas ruas do
subúrbio, o roteiro foca na trajetória de uma família envolvida em um bizarro
caso policial, onde dois homens invadem uma das casas desses subúrbio e
torturam Gardner Lodge (Matt Damon) sua esposa e sua irmã Margaret (Julianne
Moore) com a presença do Nicky (Noah Jupe) que perde a mãe naquela fatídica
noite.
A produção
possui em si uma dinâmica sempre crescente, cada vez mais violenta, e vai
inserindo ao longo de sua projeção cada vez mais personagens para que pareça
que a narrativa esteja sempre despencando, uma sensação de desespero que valida
o quanto cruel e absurdo um mundo aparentemente real e perfeito, denunciando
uma sociedade que vive sobre a máscara publicitaria da perfeição escondendo
seus piores defeitos, essa condição ganha ainda mais força pelo tom sempre
jocoso e irônico enraizado nos textos dos Coen, que ainda tem a colaboração do
próprio diretor e de outro colaborador recorrente em suas produções produtor Grant Heslov.
Suburbicon:
Bem-Vindos Ao Paraíso conta com uma narrativa sarcástica, irônica e violenta
mas que aos poucos ganha contornos mais afetivos provocando no espectador um
envolvimento psicológico e principalmente sentimental, para que o público se
sinta atraído por aquela história, mostrando importância em relação aqueles
personagens, existe na narrativa uma crítica embutida mostrando a relação tensa
entre a comunidade e seus novos moradores que não por acaso são negros, o longa
faz questão de denunciar a hipocrisia no discursiva racista, que dizem que a
presença dos novos integrantes da comunidade poderia gerar violência no local,
quando na verdade assim como na trama principal do filme, esses atos
repugnantes já estão acontecendo naquele local, naquela comunidade. Dessa forma
essa temática racial parece um tanto quanto oportuna no mal sentido da palavra,
mas a sua existência gera real importância ao tema no filme, é como se
existisse para validar o discurso da produção tornando-o consciente e engajado.
Um bom passo adiante na carreira do diretor George Clooney.
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