Roda Gigante - Crítica


            Roda Gigante é o novo filme de Woody Allen a chegar aos cinemas brasileiros, e esta produção é mais uma das suas contribuições artísticas para o cinema mundial, conta a historia de uma mulher infeliz no casamento que mantem um relacionamento extraconjugal como o salva vidas da ensolarada Coney Island, e que vê sua vida virar de cabeça pra baixo quando o amante começa a olhar com olhos de desejos sua enteada, a nova produção do aclamado cineasta possui uma forte ligação com seu ultimo filme Café Society (2016) e o mais interessante é como os fatos expostos nos filme tão semelhantes e tão diferentes na mesma medida.

            “A atriz Ginny (Kate Winslet), casada com Humpty  (James Belushi), acaba se apaixonando pelo salva-vidas Mickey (Justin Timberlake). Mas quando sua enteada, Carolina (Juno Temple), também cai de amores pelo rei da praia, as duas começam uma forte concorrência.”



            Um fator que fortemente liga esse filme com o filme anterior de Allen é uma forte sensação de melancolia no corpo de uma comedia, dois filmes bastante divertidos, que estão enraizados num sentimento de impotência em relação aos acontecimentos que permeia a trama, talvez nesses dois o diretor encontra aqui um equilíbrio no tom de seus filmes para falar dos assuntos que deseja como fizera em outros momentos de sua carreira, é com essa lucidez que ele faz uma bela combinação que ganha força ao longo dos seus 101 minutos, desde o inicio é uma obra muito clara no que deseja dizer e de como isso esta inserido no contexto geral.

            Esse sentimento de melancolia esta inserida através de sua protagonista Ginny (Kate Winslet) uma mulher marcada por seus erros do passado e que por isso abandona todos os sonhos que tinha para ter uma vida comum, morando atrás de uma “Roda Gigante” em Coney Island, com seu marido Humpty (Jim Belushi)  que possui um carrossel, enquanto ela trabalha como garçonete para ajudar a pagar as contas da casa, convivendo com suas constantes enxaquecas e com o filho que vive ateando fogo nas coisas, mas a sua vida aparentemente cala muda quando Carolina (Juno Temple) filha de seu marido chega na cidade pedindo abrigo, pois esta sendo perseguida pela máfia, fazendo com que surja uma pressão ainda maior em Ginny e pondo em risco o romance com o salva vidas Mickey (Justin Timberlake) que estuda teatro e representa para ela todos os sonhos esquecidos que ela escolher deixar no passado.


            Tudo na produção funciona para delimitar esse sentimento de instabilidade, algo que faz com o longa seja uma obra marcada pela assinatura de seu criador, se em seu filme anterior o diretor claramente buscava um uso de cena do invisível, onde a câmera buscava se ausentar em detrimento da construção e desenvolvimento narrativo, nessa nova produção há uma busca constante pelo contrario, ele procura estabelecer e evidenciar os aparatos cinematográficos como construtores de significados, deixando o se estilo como algo fundamento para que seu filme se desenvolva de forma fluida e coerente.

            Roda Gigante é um filme extremamente bem equilibrado pelo diretor e roteirista Woody Allen, com uma lucidez muito clara sobre aquilo que deseja expor, uma obra que surge da força de sua composição técnica e estética, mas e muito bem amarrada por valores que vem de uma sutileza autoral impressionante, dosando na medida exata a pulsão pela sua visão cinematográfica, mostrando que suas estratégias para demonstrar suas essências estão muito bem vivas, obrigado!


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