O Rei Do Show - Crítica



            Hugh Jackman passou mais de quinze anos interpretando Logan aquele que foi seu personagem mais popular no mundo, mas ao longo dos anos trabalhando em Hollywood sempre que teve a chance de mostrar todos os seus talentos cênicos ele aceitava como ao apresentar-se no Oscar em 2009, ou com o impecável trabalho como Jean Valjean em Os Miseráveis de 2012, agora em parceria com a 20th Century Fox ele se lança como produtor executivo de O Rei Do Show que estreia no Brasil hoje no dia 25 de Dezembro, um filme que fala sobre o surgimento do showbusiness pelas ideias absurdas de P.T. Barnun.
            “De origem humilde e desde a infância sonhando com um mundo mágico, P.T. Barnum (Hugh Jackman) desafia as barreiras sociais se casando com a filha do patrão do pai e dá o pontapé inicial na realização de seu maior desejo abrindo uma espécie de museu de curiosidades. O empreendimento fracassa, mas ele logo vislumbra uma ousada saída: produzir um grande show estrelado por freaks, fraudes, bizarrices e rejeitados de todos os tipos.”



            A produção conta a historia de um homem que sonhava em fazer shows magníficos, mas na forma como o longa é montado, feito sob medida, utilizando cada ponto e característica para ser aceito e abraçado pelo publico, armado para fazer parte de uma cultura popular, quando na verdade entrega muito pouco. Hugh Jackman interpreta Barnun o filho de um alfaiate que casa com a filha do patrão, e promete para ele conquistar o mundo, e num golpe do destino, percebe que a sua imaginação e criatividade são a única saída, abrindo um grande museu de variedades, que logo se torna um circo atraindo os mais diversos artistas e mais curiosas habilidades, entre elas a mulher barbada, o homem mais gordo do mundo, o anão general, os irmãos trapezistas que são negros num momento racista e assim por diante.
            Não chega a ser surpresa como o filme aborda aquela figura com tanto louvor, pois é o mesmo sentimento que consolidou a carreira daquele protagonista que agora tenta colocar o longa entre as maiores bilheterias do ano, como dizem no showbusiness vale de tudo, vale encenar uma exploração do circo de horrores algo extremamente comum no final do século XIX e começo do século XX, como algo benéfico. Como se fosse uma forma de benfeitoria colocar aquelas pessoas nos holofotes, uma mentira tão grande que nem pode passar como inocência, há uma clara tentativa de transformar esses atos eticamente e moralmente questionáveis em algo que não se deve julgar, sendo que uma pequena reflexão durante o filme leva ao pensamento de como aquele homem do “showbiz” era na verdade um oportunista.


            O roteiro escrito por Bill Condon (A Bela E A Fera, 2017) e Jenny Bicks (Rio 2, 2014) é cheio de discursos grandiosos com grandes morais e ensinamentos, porem tudo isso é colocado em palavras, sempre seguindo esse jeito fácil de chagar no publico, é perceptível como essas ideias não conseguem ser colocadas no roteiro, apenas em seus diálogos, o que se vê na tela é sempre a figura de um homem vencendo, sempre grandioso, onde somos conduzidos cena após cena pela suas conquistas, sem que nada que ele faça tenha peso, menos ainda suas derrocadas, dando pouquíssimo tempo de tela para seus problemas.

            A direção do estreante Michael Gracey tenta construir seu musical através de algo que ficou popularizado pelo trabalho de Baz Luhrmann ao utilizar a musica pop atual para aproximar-se de uma narrativa de outra época, se lá havia apropriação de musicas já conhecidas aqui o espectador tem que acompanhar esses discursos narrados em forma de letra, enquanto as musicas remetem a grandes sucessos do momento, o que percebe nesse musical é uma forma de atrelar seu publico apenas pelos ritmos, fazer com que o envolvimento se dê a partir de batidas e melodias conhecidas, sem que seja necessário o rebuscamento das letras ou de uma clareza narrativa.

            O Rei Do Show é um filme que parece ser muito comodo, apenas unificando coisas que já foram vistas, mais do que conforto é encontrado uma formula básica para desenvolver sua narrativa, fato é que a junção de clipes não forma um filme, e que as canções soam parecidas com musicas que ouvimos nas rádios todos os dias, podem ser esquecidas com os hits da próxima semana de estreia, e a demagogia sempre perderá lugar à verdadeira relevância social, o showbusiness provavelmente continuara a vencer e ser extremamente celebrado, porem olhando bem de perto conseguimos perceber o quão vazio pode ser esse reinado.


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