Uma das maiores autoras literárias de todos os tempos Agatha
Christie vendeu milhões de exemplares de seus livros de mistério ao longo de
sua carreira, algo que gera lucro ainda nos dias atuais, sendo um nome sempre
muito difundido, talvez tenha se criado certo receio em adaptar suas obras para
o cinema, toda a obra audiovisual de mistério que se prese segue a famosa
formula do “Quem Matou?” baseado nas famosas narrativas construídas por Agatha
Christie em seus livros, sendo uma peça fundamental para um arco narrativo bem
sucedido nesse tipo de trama, é nisso que Assassinato no Expresso Oriente tenta
se basear para conseguir honrar a obra da autora com essa nova versão de um dos
livros mais famosos da autora.
Assassinato no Expresso do Oriente é umas das
mais famosas obras da autora, gerando não apenas esse filme que acaba de chegar
aos cinemas, mas também uma versão maravilhosa da década de setenta com um
elenco de primeira capitaneado por Sidney Lumet, talvez essa fosse a adaptação
de Agatha Christie mais bem sucedida, uma produção que se poiava na curiosidade
de um mistério extraordinário com um mistura na medida certa de humor negro, um
longa metragem divertido e bastante interessante de ser assistido. Essa nova versão busca uma identidade própria
algo que pela tentativa já chama atenção, mas sendo um longa nada acuada diante
do trabalho de adaptar um enorme sucesso literário atemporal que já teve um
versão cinematográfica de sucesso, não seria tarefa das mais fáceis.
Kenneth
Branagh assume dois postos dos mais difíceis nessa produção, de protagonista
interpretando o famoso detetive Hercule Poirot e de diretor do filme, se antes
na versão de 74, e até mesmo no livro, o suspense e a perspicácia do mistério era
o grande foco da narrativa, sempre de maneira leve, aqui há um interesse na
construção de um drama a partir daquele assassinato, fazendo uma investigação
moral daquele fato ocorrido e de seus envolvidos, algo que é transmitido para o
publico na visão do detetive, na produção atual o grande centro do filme e não
apenas um personagem infalível que esta ali para desvendar um mistério desafiador,
o filme da uma importância muito grande a emoção e as sensações daquele
detetive diante daquele caso algo que enriquece a produção.
O roteiro
escrito por Michael Green (Blade Runner 2049, 2017) justifica uma série de
ideias que se apresentam no filme, o fato de o longa dar muita importância para
o que ocorre com Poirot antes de entrar no trem, desvendando um caso no oriente
Médio entre um Rabino, um Padre e um Iman, uma trama que demora alguns minutos,
mas constrói toda a figura do detetive, suas manias e suas convicções, o senso
que existe sempre o certo e o errado, e ele esta ali para ajudar a distinguir
esses dois polos algo que vai sendo desmoronado durante o caso do assassinato
no Expresso do Oriente.
Essa escolha
mostra como os realizadores são capazes de até mesmo comprometer o ritmo
narrativo do filme, a fim de manterem fieis a suas ideias, algo que pode fazer
a experiência ser um tanto quanto truncado e maçante, pois demora para atrair
de vez a atenção do espectador, mas faz de tudo para construir solidamente suas
ideias, e todas essas ideias dizem muito a respeito do próprio diretor Kenneth
Branagh um ator cineasta que vem do teatro demonstrando sua predileção pelo
trabalho de interpretação, pela investigação dramática e pela utilização de diálogos.
Assassinato
no Expresso do Oriente é marcado pelo desejo de seus envolvidos em criar um
blockbuster que consiga unir uma série de qualidades, sendo um projeto
carregado com uma visão quase autoral, sem esquecer-se de uma devoção ao
publico fã das narrativas criados na obra original e seus arcos e
desenvolvimentos de personagens consagrados por uma autora atemporal, algo que
nos remete a um sentimento visto no cinema clássico americano, como até remete
e muito a ultima cena do detetive Hercule Poirot caminhando de encontro a um
por de sol após mais um mistério resolvido, é um filme que busca sua própria identidade
e consegue não somente agradar como faz uma homenagem a todo o material
originar escrito e assinado pela genial Agatha Christie.
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