Uma Razão Para Viver - Crítica



            Em um primeiro momento o longa Uma Razão Para Viver (Breathe), dirigido pelo experiente ator Andy Serkis conhecido pelas grandes interpretações vistas através do seu talento com o uso da captura de movimento, a produção que marca a estreia do ator na cadeira de diretor, tem no elenco a ganhadora do Globo de Ouro pela série “The Crown” Claire Foy e Andrew Garfield em excelente ascendência na carreira de ator, após o fiasco que foi a segunda trilogia do Homem-Aranha nos cinemas, o filme tem os mais variados clichês, enraizado em um melodrama total, o típico filme para chorar, mas a produção de Serkis não fica somente nisso.

            O filme narra a historia de Robin Cavendish (Andrew Garfield), um britânico que durante uma viagem ao continente africano junto a sua esposa Diana (Claire Foy) descobre que o vírus da pólio se desenvolveu aos 28 anos de idade, deixando-o em um grave estado de saúde, paralisado do pescoço para baixo, o jovem tem sérios problemas respiratórios e naquela época a doença fazia com que alguns meses restassem para seus pacientes. É partir desse momento que entra o grande diferencial da narrativa apresentada aqui, Robin é uma daquelas figuras que surpreendem os médicos e provam que estão no mundo para fazer algo muito maior que nenhuma doença os impeça, sempre indo contra  todo e qualquer laudo médico.


            O roteiro de William Nicholson (Gladiador, 2000) foca então em mostrar esse longo percurso em relação a recusa da morte, a uma vida que pode emergir de uma situação tão preocupante, é interessante perceber como essa logica se da dentro da narrativa do filme, uma vez que morte não é jogada numa relação de chantagem emocional, a conexão com o espectador surge justamente em como o filme exalta a vida. A produção vai mostrando episódio após episódio na vida de Cavendish, mostrando como de deferentes maneiras ele se recusou a ficar preso a uma cama, o longa é bem costurado por diversas situações que tirar do protagonista a imagem de “coitadinho”, e sim foca em mostrar a sua batalha diária por continuar fazendo o que ama.

            O filme é uma produção agradável, e mais do que isso que deseja sempre agradar o espectador, como se em nenhum momento tivesse vontade de tirar o publico da zona de conforto em que o filme os coloca, uma experiência normal por completo, o problema disso é que o filme muitas vezes acaba ficando na zona do comum, sem se arriscar e bastante previsível. É obvio que essa jornada acaba em um discurso de valorização da vida comum, algo que até pode ser verdade, mas que no filme é colocado de forma bastante expositiva, sem sutileza alguma, fazendo com que fica uma sensação de repetição no longa.


            Quanto a estreia de Serkis como diretor fica no senso comum também, é uma condução de narrativa segura e bem realizada, mas exagera com um bom gosto de cena que não passa do aceitável sem se exigir demais ou tenha sido medo de colocar em risco de filmar de forma mais original,  o uso do por do sol invade seus planos, com aquela tonalização alaranjada típica do cinema Hollydiano, em uma simples reprodução de algo que seria lindíssimo mas sem nenhuma profundidade maior.


            Uma Razão Para Viver é um filme que peca ao não estabelecer uma ligação mais forte com o espectador, principalmente com o fraco desempenho do seu ator principal Andrew Garfield que começa a transparecer que acredita mais em transformações físicas a interpretações mais coerentes, felizmente o filme conta com o talento impecável de Claire Foy que brilha em cada cena com uma força dramática e presença impressionante, é ela que carrega o filme nas costas entregando todo o drama da família, no resume de sua estreia como diretor Andy Serkis entrega um trabalho seguro, sem se arriscar e que tem uma relação boa com o publico que assiste ao não vitimizar sua trama.


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