Liga Da Justiça - Crítica



            A parceria Warner/DC chega ao seu momento mais importante onde não poderia acontecer nenhum erro, Liga Da Justiça o crossover que unifica todos aqueles super-heróis em um único filme, com um único objetivo e para muitos ali pela primeira vez interagindo entre si, sabemos de todas as circunstancias que precederam essa produção, e é interessante o fato de que ao sair da cabine percebemos como as escolhas criativas dentro do universo cinematográfico da Dc nos cinemas impactaram nesse filme, do fracassado Batman Vs. Superman ao excelente Mulher Maravilha. É nessa busca de coesão entre produções tão distintas que o filme liga chega aos cinemas.

            A produção foge do tom sombrio visto em Batman Vs. Superman, e tenta se aproximar das escolhas criativas de Mulher Maravilha, aqui o filme trata sobre a elevação desses seres com superpoderes a um posto de protetores da Terra, uma espécie de novo Olimpo que surge no universo. A visão de como essas figuras que surgiram nos quadrinhos são como a historia de como o mundo civilizado surgiu, é uma forma interessante de olhar eu surge com potencia nessa longa, aqueles personagens são representados como peças de museu, deuses, sempre em ângulos que revelam o quão forte e musculosos eles são.


            A cena de abertura do filme é uma assinatura belíssima de Zack Snyder onde Batman esta investigando a aparição de seres vindos de outro planeta, uma cena que parece ter sido retirada dos desenhos animados, mostrando uma visão magnifica daquele mundo, algo que é ainda mais explorado com a ascensão do vilão do filme Lobo Da Estepe (Ciarán Hinds) onde percebemos o uso das cores serem propositalmente de um tom mais fantasioso, é claro que o excesso de CGI causa desconfortos visuais como o aspecto estranho e pouco crível até mesmo na fantasia que o vilão veste.


            Um aspecto interessante de perceber no filme é o fator sentimental que está presente não apenas nessa produção, mas nos filmes do universo Warner/DC. Aqueles seres superpoderosos se unem por uma relação afetiva com a humanidade, são seres movidos por sentimentos primordiais de defender aqueles que não podem lutar por si mesmo, os heróis presentes nesse universo cinematográfico acreditam na humanidade, na bondade, e no povo, como a própria Diana (Gal Gadot) diz em uma cena “A engrenagem do mundo só voltara com essa bondade”. Sentimento que impulsiona os heróis a lutarem e arriscarem a suas vidas para protegerem os mais fracos algo que está ligado fortemente ao filme.


            São esses pontos que se mantem resistentes em Liga Da Justiça, ideias defendidas que continuam uma coerência temática e estética ao longo do universo, algo que se aproxima de uma unidade narrativa, esse aspecto funciona em uma visão macro do universo, estabelecendo um fio condutor entre filmes. Mas é curioso perceber que o ruído causado nessa produção parece não surtir efeito nela em si, se nos diálogos somos informados o quão perigosa e ameaçadora é a chegada desse vilão, na pratica isso nunca fica claro para espectador, ficando uma sensação de que a presença do vilão na trama é apenas o pretexto necessário para a formação emergencial da Liga.

            Esse fato se deve ao fato do antagonista ficar sempre como escada para os heróis, um ser construído em computação gráfica que não tem motivação interna alguma, apenas uma figura assustadora, difícil de ser derrubada, algo bastante raso. Sem um vilão de verdade o filme perde impacto narrativo, outro erro são as cenas aceleradas de apresentação dos novos integrantes da Liga: Flash (Ezra Miller), Aquaman (Jason Mamoa) e Ciborgue (Ray Fisher) algo muito estranho de ser assistido em segundo de tela, tendo que mostrar cada um deles em seu habitar natural quase nos dizendo quem são e o que fazem, e ainda que a produção leve algum tempo nessa pragmática e obrigatória apresentação, falta tempo para envolvimento com essas figuras.


            O roteiro escrito por Cris Terrio (Batman Vs. Superman) e Joss Whedon (Vingadores) é o ponto mais fraco do filme, seja na forma atabalhoada com que apresentam personagens ainda pouco conhecidos pelo grande publico, ou pela construção de um vilão sem motivação clara, são pontos que aparecem apenas para desfocar a atenção do publico m um filme um tanto quanto desconexo e sem originalidade, isso fica ainda mais claro quando percebemos que deuses, alienígenas e meta-humanos nunca são desafiados de verdade a conquistar alguma coisa no filme, tudo é entregue a eles de maneira corriqueira e simplória como o retorno de Superman (Henry Cavill) do túmulo literalmente.


            Avesso a qualquer ousadia Zack Snyder e Joss Whedon implantam em Liga Da Justiça a formulas de sucesso em filmes de heróis, como uma série de diálogos expositivos, alguns flashbacks e uma quantidade absurda de frases de efeito, numa clara busca por aceitação de uma fatia maior do mercado de espectadores, assim como o uso da comedia que aqui surge com força, tornar o filme mais agradável e divertido é a grande missão do filme, mas alguns problemas surgem ao longo do filme como o excesso de piadas e um Batman desnecessariamente engraçado, já que Ben Affleck não tem nenhum timing cômico transformando o sisudo e amargurado homem morcego em algo mais leve.


            Liga Da Justiça sofre da auto aceitação pela escolha criativa de utilizar uma formula repetitiva e cansada de sucessos da Marvel, mas no mínimo coloca sua trajetória e tudo aquilo que almeja para um universo cinematográfico em um caminho comum e igual para se tornar quem sabe um  blockbuster, saem de cena a busca de uma temática e estética autoral  e entra em cena piadas e relações humanos com muito mais importância, nesse meio do caminho o que sobra é um filme regular, indeciso, que deixa aparente suas refilmagens, em um retalho que tem boas e más ideias que formar uma unidade, mas o que importa no final é que a Liga funciona em termos de equipe gera com isso curiosidade do grande publico em saber qual será o próximo passo da Warner/DC nos cinemas.



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