Policia Federal: A Lei é Para Todos - Crítica



            Policia Federal: A Lei é Para Todos tenta ser um daqueles filmes de dar nó na cabeça de quem o assiste, não tanto pela sua estrutura narrativa, muito menos por alguma experimentação estética que foge dos padrões já conhecidos, mas pelo fato de ser desenvolvido e lançado ao mesmo momento onde a historia (a operação lava-jato) em que se baseia enfia mais as mãos no lodo para tirar da escuridão aqueles que sugam do país para crescer de maneira instantânea, nessa tentativa minuciosa de isenção e não posicionamento politico torna qualquer vinculo emocional com a produção bastante indigesta, pois qualquer discurso é inseparável a suas ideologias, a imparcialidade é fator impossível quando vivemos em um mundo de polarização extremas gigantes.
            Diante disso o filme dirigido por Marcelo Antunez (Qualquer Gato Vira-Lata 2) não esta livre de um discurso ideológico, de tentar expor sua visão sobre o tema que se propõe a abordar como fio condutor da narrativa, a aparência isenta que surge para evitar um debate acalorado em torno do filme vai ruindo diante da construção discursiva e desenvolvimento dramático do filme, e a produção por um todo soa como um discurso, assim entre temática, politica e produto cinematográfico, o longa usa de maneira até mesmo perigosa sua aparência isenta, é ai onde o longa se apoia na sua técnica, no seu ritmo e no seu gênero de ação para desenrolar uma trama politica baseado no momento atual do Brasil.
            Os roteiristas Thomas Stavros (10 Segundos, 2017) e Gustavo Lipsztein (Tensão em Alto Mar, 2002) conseguem emular de maneira bem interessante os códigos mais específicos que circulam os fatos reais envolvendo a Operação Lava-Jato,  fazendo com que todo a historia real em que a produção é baseada se encaixe nos clichês do gênero, se saindo muito bem nas qualidades dos filmes de seu gênero, não faz nenhum exagero em suas cenas de ação, não coloca os personagens em situações surreais, mas fazendo a empolgação surgir da forma como se aproxima da realidade, a excelente utilização de locações onde de fato aconteceram apreensões, a utilização de documentos e imagens de arquivos das emissoras de televisão, a empolgação do ritmo que a montagem do filme, aproxima o espectador da trama.
            A direção de Antunez é vibrante e emocionante pelo realismo com que enquadra suas cenas, diante de um trabalho técnico invejável o filme demonstra ao longo da projeção todo o seu valor de produção, grandes planos, movimentos grandiosos de câmera e cenários  que impressionam pela aparência real da historia em que se baseia, elevando o padrão de qualidade do filme no nível mais alto que conseguira, porem toda essa encenação de ação empolgante, técnica perfeita, e realismo faz com que o discurso em si fique em terceiro plano.

            Policia Federal: A Lei é Para Todos, apresenta ao longo dos seus 107 minutos fatos como se aquilo que representa fossem uma versão verdadeira e definitiva da versão real, não afirmando em nenhum momento que aquela produção é a visão de quem a escreveu, a produziu, se dizer a todo o momento que você é alguma coisa, chega em certo momento você acredita é fato imparcialidade aqui presente, tentar negar a todos os momentos que se discurso é imparcial, que a isenção esta em evidencia, quando as suas escolhas estão em todos os planos e de maneira bastante clara faz o seu discurso perder força, fica ao final do filme um gosto de covardia ao não assumir-se nas questão em que acredita ter as respostas ou pelo menos acreditar em suas opiniões, ao tentar transmitir isenção quando isso não é possível no pais em que vivemos.


Comentários