Stephen King
esta tendo um ano de 2017 dos sonhos, tendo vários livros ganhando adaptações
para outras mídias, Mr. Mercedes (Audience Network), The Mist (Spike Tv), A
Torre Negra (Sony) e agora chega aos cinemas nessa quinta-feira IT: A coisa,
talvez um dos seus livros mais icônicos, e uma das produções televisivas dos
anos 90 mais lembrada, o novo IT tinha o peso de ser uma produção que passou
por algumas turbulências durante a pré-produção, com a saída de Cary Fukunaga
da direção e a chegada de Andy Muschietti (Mama, 2013), o primeiro trailer se
tornando em 24 horas o mais visto da historia, a expectativa em cima do filme
era grande, e principalmente deste que vos escreve, pois assisti a minissérie algumas
vezes e li o livro na adolescência, surgia o desejo que fosse uma boa
adaptação, mas que trouxesse algo novo para o gênero terror, pois Pennywise
sempre foi um comedor de medos, dito tudo isso eu conto pra vocês a minha
opinião sobre IT: A Coisa, que estreia nos cinemas amanha, com algumas sessões
hoje a noite pelo Brasil.
O filme
conta a historia da pequena cidade americana de Derry situada no estado do
Maine, que passa a ter uma série de desaparecimentos juvenis, com cartazes de
desaparecidos e toque de recolher, as férias de verão estão chegando a cidade e
as crianças parece estar assim mais vulneráveis a um perigo crescente e inevitável,
que atende pelo nome de Pennywise (Bill Skasgard) o palhaço dançante, mas
esconde por traz de quilos de maquiagem aterrorizante uma maldades e fome pelo
medo das crianças da cidade, seu terror psicológico se constrói através de
varias formas perseguindo esses jovens, somos então apresentados a um grupo de
garotos que não aceitam ficar sentados vendo tudo o que esta acontecendo com as
crianças da cidade, até porque Georgie (Jackson Robert Scott) irmão mais novo
de Bill (Jaeden Lieberher) fora devorado de forma chocante e bastante violenta
pelo palhaço enquanto brincava na chuva com seu barquinho de papel.
Assistindo
ao filme uma coisa fica muito visível a todos a pretensão do diretor em não
apenas se prender a um gênero especifico de cinema, o desejo de Muschietti e
chegar ao grande publico, de sempre uma obra maior que realmente seja vista e
principalmente que agrade não somente os fãs de terror, mas sim todos que
gostem de bons filmes. Fato esse que em momento algum tira relevância da
produção, mas faz com que ele se contenha a fim de buscar uma aceitação maior,
é um longa que tenta a todo o momento equilibrar essa noção entre uma obra
diferente daquilo que nos acostumamos a ver no cinema de gênero, e inserindo
diversos elementos de filmes que tornaram sucesso em bilheteria e que tiveram
uma grande aceitação do publico pipoca nos últimos tempos, a filme parece viver
em uma balança equilibrando esses pontos tão divergentes, fato que destaca o
filme e o da muito potencial, como traz consigo alguns momentos de
irregularidade narrativa.
Alguns
momentos durante a projeção parece que estamos assistindo dois filmes em apenas
um só, algo que de forma alguma favorece a narrativa contada, um deles é o
terror com um palhaço do mal que se alimente de jovens e que as persegue através
do que mais temem, o outro o filme jovial com muitas homenagens ao Clube dos
Cinco (1985), Os Goonies (1986) e Conta Comigo (1986), é gostoso e aprasivel
ver a capacidade do diretor em introduzir a adolescência que floresce nos
jovens protagonistas, a força da amizade que os une e medo e terror causado
pela Coisa, surge na tela um ou outro problema, mas a experiência final se
torna das mais divertidas e revigorantes do ano.
Os
roteiristas Cary Fukunaga (Beasts Of No Nation, 2015), Gary Dauberman (Universo
Invocação do Mal) e Chase Palmer (Numero 13) consegue criar uma historia que
transita de forma fluida e progressiva como o medo dos personagens torna o
monstro mais forte e que apenas unidos os protagonistas poderão vencer aquilo
temem mais em suas jovens vidas, a metáfora é clara e até mesmo é citada para o
espectador que de alguma forma não a tenha captado, o mostro que consegue tomar
a forma do medo, e que priva as crianças de terem uma progressão natural de
suas vidas deixa toda a analogia bem evidente, assim como no livro o filme
traduz muito bem essa alusão forte e direta a esse período de amadurecimento
humano, pois a medida que o clube dos Perdedores vão enfrentando Pennywise,
eles demonstra a coragem para se impor a gangue de adolescentes que comanda
aquela cidade, como também passam a demonstrar desejos e sentimentos, assim
como se impõem com mais firmeza no nível familiar, os temas do longa une-se de
forma coerente e natural ao terror presente na produção, fazendo com que ao se
oporem ao monstro que representa aquilo que mais temem, eles percebem o
crescimento e amadurecimento como qualquer ser humano.
O diretor
Andy Muschietti consegue trazer de forma brilhante e apaixonante o clima dos
anos 80 em que o filme se passa, conseguindo inserir níveis de tensão
equilibrada e níveis de terror sem apelar para sequencias incansáveis de “jumpscares” , conseguindo além disso
equilibrar uma narrativa que presa por manter uma inocência bonita, o longa
consegue aderir a opções que agradeis para todos os espectadores, utilizando
das mesma formula de sucesso de Stranger Things (Netflix), utilizando os anos
oitenta como uma venda de nostalgia em uma vitrine daquilo que caracterizava a década
visualmente, sem fixar raízes nas referencias que utiliza. Chega a ser impressionante
como o filme possui violência gráfica, e como aborda os medos daquelas crianças
de forma bastante adulta, mas ele faz questão de não cruzar a linha da tensão dramática
dando limites a si mesmo, como se fosse um aviso de que estamos lidando com
crianças enfrentando um monstro.
IT: A Coisa é um filme equilibrado
que tem na força de equilibras vários elementos diferentes, sem nunca se livrar
dos seus conceitos, fiel do inicio ao fim aos temas que se decide lidar e com estética
rica e bem trabalhada, acertos absolutas na escolha de um elenco infanto-juvenil
espetacular que elevam e muito o desafio de quem quer que sejam os atores que
farão a versão adulta de seus personagens e do interprete do vilão que entrega uma performance visceral e aterrorizante tão contemplativa quanto a do original vivido por Tim Curry, com uma cinematografia belíssima do
Sul Coreano Chung-hoon Chung (A Criada,2016) e trilha sonora equilibradíssima do
compositor Benjamin Wallfisch (A Cura, 2016), fazendo sempre opções suportáveis
e agradáveis dividirem um espaço em filme de gênero tornando a tentativa ousada
e interessante, o filme é um grandioso filme dos anos oitenta feito em 2017 com
a chance de se tornar tão icônico e memorável ao transcende o cinema de genero e fazer desta produção umas das melhores do ano.
Acho que é um dos melhores filmes que vi. It: A coisa é minha história favorita de Stephen King, acho que o novo Pennywise é muito mais escuro e mais assustador, Bill Skarsgård é o indicado para interpretar o palhaço. Os filmes de terror são meus preferidos, evolucionaram com melhores efeitos visuais e tratam de se superar a eles mesmos. Eu gosto da atmosfera de suspense que geram. It tem protagonistas sólidos e um roteiro diferente. O clube dos perdedores é muito divertido e acho que os atores são muito talentosos. Já quero ver a segunda parte.
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