Onde Esta Segunda? - Crítica


O maior canal de streaming do mundo até o momento tenta com todas as suas forças migrar para o mundo cinematográfico original, e busca reconhecimento para o investimento bilionário que tem feito nos últimos tempos, ao agregar nomes do alto escalão do cinema mundial como Martin Scorcesse, a Netflix quer mostrar para o mercado que tem potencial de alcançar o mesmo respeito que já conquistou com suas séries, no mundo das premiações, busca conquistar criticas mais positivas para suas produções cinematográficas, que por mais que sejam caríssimas parece não ter o charme, ou mesmo a alma de um filme visto em tela gigante dentro de um cinema, agora ele tenta mais uma vez sucesso a partir da ficção cientifica com o filme Onde Esta Segunda? (What Happened To Monday?) disponível no catalogo do canal desde o dia 18 de Agosto, mas será que a gigante conseguiu outro sucesso, eu te conto abaixo:

Em 2073, o aumento crescente da população faz com que os recursos naturais da Terra se tornem cada vez mais escassos, especialmente após a América do Sul tornar-se um imenso deserto. A saída é investir em alimentos geneticamente modificados, de forma a ampliar a produção em um espaço físico cada vez mais limitado. Entretanto, tal iniciativa gera como efeito colateral o nascimento cada vez maior de gêmeos, o que aumenta ainda mais o problema da superpopulação. Neste contexto, Nicolette Cayman (Glenn Close) surge com uma proposta drástica: cada casal pode ter apenas um filho, e os irmãos são confinados em ambiente criogênico para serem despertados quando a situação do planeta estiver sob controle. Todos os países adotam esta proposta, com a criação de uma agência implacável que fiscaliza os cidadãos através de pulseiras eletrônicas. Apesar de tamanha vigilância, Terrence Settman (Willem Dafoe) consegue salvar a vida de suas sete netas fazendo com que elas se revezem nos dias da semana, de forma que todas assumam o codinome Karen Settman - o mesmo nome de sua mãe, que faleceu no parto. Trinta anos depois, as sete irmãs seguem esta rígida rotina até que uma delas, Segunda (Noomi Rapace), misteriosamente não retorna para casa.

Dirigido por Tommy Wirkola (João e Maria Caçadores de Bruxa, 2013) e escrito pela dupla de roteiristas Max Botkin (Robosapien, 2013) e Kerry Williamson (A Sombra do Inimigo, 2012), os dois conseguem impor ao filme da Netflix uma narrativa redonda, coerente e fluido situado em mundo onde existe um controle de natalidade muito rígido, trabalhando com muita eficiência a motivação de cada personagem, é interessante de ser notado que cada um dos envolvidos na historia tem um argumento valido para o desenvolvimento narrativo.

O filme consegue surpreender a partir do sumiço de uma das sete irmãs, quando percebemos que os reais motivos do controle de natalidade são bem mais nebulosos do que o que nos é informado, e que o problema de escassez de recursos pela superpopulação vai muito além,  NIcolette Cayman (Gleen Close) é uma líder politica e responsável pela Lei Federal, no inicio convence que suas decisões são para manter todos vivendo de forma tranquila e com recursos suficientes a todos, fazendo uma conexão direta com a Lei do Filho Único  que existia em alguns países do Oriente como a China até 2015.


Naomi Rapace é de longe o destaque do longa segura e completamente entregue as suas multi-facetas, cada uma com uma personalidade diferente, inclusive tendo o cuidado de dar a essas personalidades características dos dias das semana em que saem as ruas, a comparação com Orphan Black é inevitável, mas podemos dizer que as duas entregam aquilo que lhe é exigido e com maestria pelo talento que tem.



            A direção de Wirkola é muito firme e controlada com cenas de ação filmadas de forma inteligente e inventiva, remetendo muito as cenas de filmes como Sicario (2015), ele consegue somar a produção níveis gradativos de impacto visual, atuações excelentes, câmeras estáveis em cenas de perseguição e um ar de suspense imersivo, a trilha sonora composta por Christian Wibe (Zumbis Na Neve, 2009) apesar de alguns clichês, serve como molde para sustentar os sentimentos das cenas, sejam elas envolvendo raiva, melancolia, arrependimento ou angustia.


Onde Esta Segunda? É um dos bons acertos da Netflix no ano de 2017, em sua jornada cinematográfica, nos dando a chance de perceber o quanto o canal por streaming esta compreendendo sua grandeza e força comercial mundial, com produções que nos apresentam caras novas em um mercado inchado como o ramo da sétima arte, novas visões, novos ritmos de desenvolvimento narrativo, novas possibilidades, a estreia veio em um momento excelente onde o mês de agosto foi recheado de estreias medianas no cinema, fica nossa torcida para que mais coisas boas chegam ao cataloga da netflix, oferecendo cada vez mais plataformas com conteúdos interessantes e bem feitos.



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