Death Note - Crítica



            Desde o minuto que foi anunciada a adaptação da Netflix do anime Death Note,   foi cercada de muita desconfiança, o ambicioso projeto parecia não se conectar com os fãs do material base, o filme meses antes de seu lançamento trazia consigo o peso de ter sido julgado por todos como promover o whitewashing, pois substituía a origem de seus personagens originais em busca de uma aceitação comercial mundial, mas polemicas e pré-julgamentos a parte o filme estreou no último dia 25 de Agosto e agora ou te conto a minha opinião.

            O filme parte justamente da adaptação do anime para o mundo e desenvolvimentos comum de narrativas ocidentais, os minutos inicias da produção marcam essa nova associação, com uma sequencia de planos em câmera lenta mapeando o típico mundo do ensino médio americano, com lideres de torcida, valentões e os excluídos, como que em um piscar de olhos somos ambientados na historia e sem muito enrolação apresenta seus personagens principais, utilizando toda essa formula comum de representação desse cinema adolescente para saber quem são aqueles seres.

            Light Turner (Nat Wolff) faz parte do grupo dos excluídos, um completo oposto das convenções estudantis, que a pouco tempo perdeu sua mãe e se incomoda com algumas injustiças cometidas por alguns valentões da escola, se vida começa a mudar quando do céu ele vê cair um livro o “Death Note”, junto a esse livro ele ganha a companhia de Ryuk uma criatura assustadora (dublado por Willem Dafoe) que explica ao garoto todo o poder que ele acabara de ganhar, onde bastasse ele escrever um nome e ter a imagem da pessoa em sua cabeça que essa pessoa acabaria morta, o filme é direto ao assunto em menos de meia hora de projeção o conflito central da trama esta posto a nossa frente, a partir dai tudo gira em torno da relação entre Light, o caderno da morte e a “justiça” que ele pode fazer. Fica claro em pouco tempo que essa adaptação da Netflix não é uma produção para os fãs, mas sim uma obra que tenta apresentar a narrativa origina para novos olhares a redor do globo, como se pegasse todo o material original e remontasse para esses novos espectadores.

            Nessa condição colocada, nota-se o trabalho conciso em sua narrativa escrito pelos roteiristas Jeremy Slater (Quarteto Fantástico, 2015), Charley e Vlas Parlapanides (Imortais, 2011) que buscam montar um filme direto, em momento algum se pretende a criar algo maior que sua própria narrativa, concentrando-se apenas nas relações já mencionadas aqui, por outro lado eles partem do principio que o universo é novo, mas também cheio de regras, o que cria um problema grande a trama, pois a todo o momento o filme esta se auto explicando, num didatismo cansativo, que ora lê as regras daquele livro, ora faz com que haja no meio da produção alguns flashbacks contendo informações que acabaram de ser ditas, este é o aspecto mais irritante do longa, que parece nunca acreditar no potencial do espectador de entender sua trama fazendo com que muitas vezes o projeto pareça acreditar ser muito mais complexo do que realmente é.

            A direção de Adam Wingard (A Bruxa de Blair, 2016) é interesse, pois o diretor refuta as referencias orientais e faz de Death Note um filme de terror tipicamente americano, fazendo inclusive alusão a vários filmes de sucesso de gênero, isso pode ser considerado whitewashing, pois há uma espécie de apropriação  no bom sentido da palavra, pois utiliza o material para vende-lo para um mercado maior, de forma ousada os realizadores fazem do filme um material completamente novo, sujeito a uma espécie de autoria no material que estão entregando, desligando-se de uma obra bastante conhecida e com uma base de fãs grandiosa.


            Com muita imaginação e inventividade Wingard faz aqui sutis e muito interessantes movimentos de câmera, planos iluminados de forma bastante ousada, revelando um mundo em constante deformação, além de filmas as mortes provocadas pelo caderno com uma brutalidade impressionante, a violência gráfica beira o extremo, mostrando o horror nos assassinatos que teoricamente partiriam das boas intenções de Light. O filme não deixa de ser ousado em momento alguma, mesmo que seja inconsciente em alguns momentos o diretor utiliza sua trilha sonora embalada sempre em um pop melancólico das antigas, de forma a antagonizar sua imagem ao publico, em momentos mais dramáticos ou de terror, começam a tocar ao fundo musicas apaixonadas, dançantes, fazendo com que a cena ganhe um tom de ironia e critico, evidenciando que talvez, todo mundo, goste das mortes que estejam sendo mostrada.

            Death Note possui alguns altos e baixos, passando pela falta de carisma de seu elenco principal, talvez um grande problema da adaptação pode ser interpretado por uma busca em autoria, ao fazerem de tudo para criar algo novo, os realizadores podem afastar os fãs do material original, as boas opções arrojadas do filme, são tão ousadas que podem desagradas os mais apaixonados pelo anime, mas o filme ganha um caráter diferente dos filmes que se tem visto ultimamente, a primeira vista pode ser ruim, mas há no filme tantas qualidades que o distanciam e muito de um projeto ruim ou feito de forma equivocada.




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