Z: A Cidade Perdida - Critica


            A história real do explorador britânico Percy Fawcett, que viaja para a Amazônia no século vinte e descobre evidencias de uma civilização avançada desconhecida anteriormente que pode ter habitado aquela região inóspita, após ter sido ridicularizado pelo corpo cientifico que considerou as populações indígenas com “selvagens”, Fawcett está obcecado a retornar ao local em uma busca incessante por provas de que o que julga ser verdade foi real em tempos passados, Z: A Cidade Perdida dirigido pelo inovador diretor James Gray está em cartaz nos cinemas, e eu te conto agora o que o diretor conseguiu criar nessa nova aventura dentro da Floresta Amazônica.
            O diretor americano James Gray filme após filme, demonstra que é um dos nomes em ascensão no cinema hollywoodiano, a importância que o diretor demonstra na construção de suas obras de maneira coerente a sua forma de pensar o cinema, é brilhante, em seu sexto longa ele realiza a sua aventura mais ambiciosa, com um elenco estrelado, ambientado boa parte na Amazônia, com uma produção numerosa. Ele se utiliza aqui da classe primordial encontrada em grandes épicos da era de ouro do cinema nos anos quarenta, reside na produção uma consciência enorme dessa raiz de cinema antigo, não sendo um realizador que apenas se utiliza de imagens perfeitas, busca investigar a fundos símbolos essências do cinema americano.

            Percy Fawcett (Charlie Hunnam) é um sargento do exército britânico que foi levado no início do século XX para uma expedição até a Amazônia, entre o Brasil e a Bolivia, com finalidades topográficas e principalmente geopolítica, a fim de manter as fronteiras daqueles países. Acompanhado de seu escudeiro Henry Costin (Robert Pattinson), ele desenvolve um fascínio pela possibilidade de uma possível civilização nunca antes encontrada no meio da floresta, algo próximo as antigas lendas de Eldorado e Atlântida, todavia o interesse do protagonista é pela matéria humana e arqueológica presente ali e não pela possível riqueza que poderia ser encontrada naquela cidade. Existe o típico exotismo presente num filme sobre florestas, mas há também a busca pela desconstrução desse olhar, como se através do protagonista o diretor reconstituísse a visão da época e aos poucos fosse mostrando um valor humano totalmente diferenciado naquele mundo desconhecido até então.

            Um fator presente na direção de Gray é a tentativa de colocar em foco seres com essa predestinação de lutar para que isso se concretize ou que tentam fugir de seu destino, surge com essa obsessão do protagonista a procura por algo que desmistifique todo o curso de uma história, como se o caminho do protagonista já havia sido traçado em direção aquele local, Fawcett não é um homem com origens e apenas com a descoberta dessa cidade perdida poderia escrever seu nome na história, ele é obcecado por encontrar o impossível da mesma forma que estaria fadado ao esquecimento e o infortúnio, a gloria e o sacrifício caminham lado a lado nessa jornada de desbravamento histórico. Esse pensamento torna aquele local tão fascinante, no limite entre o inferno e o paraíso, esse pensamento transforma o protagonista em um ser tão profundo.

            Z: A Cidade Perdida é um filme de mais de duas horas, em que o longa vai construindo muito bem seus personagens, entrega a Charlie Hunnam a oportunidade de provar o quão bom ator de cinema é com vigor e determinação nos olhos e nas suas falas, mas do que compreender a história, mais do que a elaboração dessa narrativa, James Gray entrega de maneira coerente o seu compreendimento da essência da sua trama em cada detalhe, a sua visão ampla emprega em cada uma de suas escolhas os sentimentos mais complexos, a ótima soma de atuações dedicadas e direção inteligente tudo resulta para um filme grandioso não somente no tempo de duração, mas também em sua importância cinematográfica.


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