Sense8 Segunda Temporada - Critica


            Em 5 de Julho de 201, estreava no canal por streaming Netflix, Sense8 uma produção criada, desenvolvida e dirigida pelas irmãs Wachowski (Matrix), a crítica e os telespectadores celebraram a chegada de algo fresco, realmente novo no gênero de produções televisivas, através de uma premissa fantasiosa, unindo pela mente diversas pessoas ao redor do mundo, além de intrigante, a produção trazia em suas temáticas que alcançam o íntimo de seus realizadores descobrir o lugar de cada um no mundo, agora em sua segunda temporada que estreou na última sexta-feira dia 05, a série se mantem no debate de descobrir o lugar no mundo, mas amplia o foco em uma dimensão muito mais ampla, com riscos muito maiores.
            O início da segunda temporada é exatamente após o longo episódio de natal lançado pela Netflix, os conflitos mostrados no episódio especial são levados ao extremo durante os dez novos episódios e promete ocupar a vidas desses oito personagens principais por um bom tempo. Porem agora podemos dizer que o grupo apresentado na primeira temporada está mais forte e mais unido, abraçando de verdade a família que formam, eles compreendem melhor seus poderes, entendo as habilidades que tem e que cada um desenvolve, abrindo espaço para visitas mais frequentes uns aos outros, logo no inicio isso faz com que os desafios que enfrentam se tornem muito mais complexos tornando a relação que tem um com o outro muito mais intensa, os oito agora decidam em conjunto o próximo passo do outro, para que juntos para sobrevivam as ameaças que encontram em seus caminhos.
            Existe nessa nova leva de episódios uma elevação das habilidades e das consequências de elas existirem, se na temporada anterior os problemas enfrentados por eles eram mais fechados, mais internos, até mesmo mais realistas conforme suas vidas, agora a ameaça chega a níveis globais, esse talvez seja a grande alteração dessa segunda temporada, mas também uma arriscada escolha, a importância dos sussurros faz com que a serie ganhe uma unidade alcançada em poucos momentos da temporada passada, essa escolha narrativa em que todos se unem para resolver um problema de um “sensate”, mas que se torna problema de todos, insere um dinamismo bastante interessante gerando mais interesse do público em ver o desenvolvimento dos poderes deles e de formas eles podem ser utilizados. Evidente que ao fazer isso deixa mais evidente um problema da primeira temporada uma certa falta de sincronia entre os personagens onde alguns episódios concentram mais em um personagem em um momento de menor importância para ele, como se nem todos estivessem em uma mesmo ritmo narrativo, e isso não ocorre por conta do gênero, mas sim por uma falta de alinhamento entre os núcleos, todos devem estar alinhamento narrativamente para não haver confusão de nível de importância dos personagens para a trama.


            Um dos grandes problemas dessa nova temporada da série é o desenvolvimento da trama em si, mais do que conviver com seus problemas pessoais, existe uma maior complexidade que aparenta um distanciamento da realidade apresentada na primeira temporada e muito mais de uma provável resolução narrativa. Assim a nova temporada tem uma alta pretensão narrativa que pode muito facilmente sufocar o desenrolar dos episódios, todos os problemas apresentados vão em direção do surrealismo extraordinário, há problemas que não conseguem ser resolvidos, Lana Wachowski e Michael Straczynski os roteiristas da série parecem ter uma trilha narrativa sem horizonte momentâneo o que pode acabar tirando interesse do público, conforme temporadas que forem chegando, elementos e mais elementos são enxertados afastando a trama de qualquer tipo de fechamento.
            Sense8 se mantem com uma produção televisiva de técnica primorosa, a utilização da montagem que conecta diversos locais no mundo e personagens são impressionantes, as inúmeras cenas de ação empolgam, os planos alcançados e movimentos feitos parecem impossíveis para uma produção de tv, mas algo que parece ter se perdido na nova leva de episódios é o carisma e charme da primeira temporada, a intensidade da série na sua temporada anterior parecia ser maior e melhor, em que todos os protagonistas partilhavam acima de qualquer os sentimentos e sensações, isso era sugado pela câmera nos mínimos detalhes, infelizmente na segunda temporada a série se preocupa demais em criar narrativas extravagantes e espetaculares, esquecendo da essência emocional apresentada anteriormente.

            A nova temporada de Sense8 apresenta exatamente aquilo que o público que se encantou com a narrativa, história e personagens da primeira temporada apresentava, a de os realizadores se perderem nas suas ambições, se antes o desejo era falar sobre como pessoas totalmente diferente ao redor do mundo lidariam com uma realidade onde estavam conectados com outras pessoas, com uma aparecia de projeto pequeno focado nas ligações emocionais dessas pessoas, agora a série apresenta uma irregularidade narrativa muito aparente, perdendo o que tem de mais interessante que são as emocionais, para criar algo de escopo global, muito mais complexo correndo o grande risco de sufocar pelo desejo de ser majestoso. 


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