A heroína foi criada em 1941 por Moulton Marston e H. G. Peter, Mulher-Maravilha antecedeu a situação social criada pela entrada dos EUA na Segunda Guerra Mundial. Quando os homens foram para o front na guerra, as mulheres assumiram trabalhos em fábricas de navios, aeronaves, veículos e armamentos, além de dirigir caminhões e máquinas pesadas. Ao transformar os paradigmas da época e empoderar a importância da mulher naquela época, a Amazona da DC Comics se tornou um dos símbolos do feminismo, da mesma forma que a campanha "We Can Do It!" (“Podemos fazer isso!"), encomendada pela Westinghouse Electric para motivar a sua nova força trabalhadora.
Apesar de todo esse impacto cultural histórico, a heroína da DC Comics demorou para chegar às telas, enquanto Superman e Batman tiveram seus filmes e seriados ainda na década de 1940, a Mulher-Maravilha ganhou a sua primeira tentativa de produzir um seriado em live-action em 1967, em um piloto que nunca foi exibido estrelado por Linda Harrison. Em 1974, outra tentativa de piloto foi desenvolvida estrelada pela atriz Cathy Lee Crosby, mas mostrava uma versão totalmente diferente da personagem desenvolvida nas HQs (no visual e na história), confiando no potencial da personagem na série para tv, a rede americana ABC investiu em mais um projeto de migrar a personagem dos quadrinhas para a televisão com personagens de carne e osso, e no ano seguinte com Lynda Carter no papel a Amazona finalmente ganhava o seu próprio espaço perante ao grande público, além das revistas em quadrinhos (tendo aparecido antes também no desenho animada Superamigos).
Após o término da série de TV com Carter, em 1979, a personagem ficaria sem uma versão em live action até a recente encarnação aparição de Gal Gadot encarnando a personagem no filme Batman Vs. Superman, em que muitas críticas colocam a sua escalação para o papel e interpretação como um dos poucos destaques do filme. Mas faltava um filme solo da heroína, em tela grande, para uma personagem tão importante. Tentativas para isso não faltaram. Em 1996, Ivan Reitman (Os Caça-Fantasmas) foi ligado a produção e possível direção de um filme da heroína. Em 1999, foi a vez do roteirista Jon Cohen (Minority Report) trabalhar em uma adaptação, com Joel Silver (Matrix) como produtor e Sandra Bullock em mente para o papel da amazona. Entre 2001 e 2003, o mesmo roteiro passou pelas mãos de Todd Alcott, Becky Johnston, Philip Levens e Laeta Kalogridis até ser descartado. Em 2005, o trabalho foi para Joss Whedon, contratado para roteirizar e dirigir o longa. Depois de dois anos, porém, a produção permaneceu estagnada, sem sair dos primeiros estágios do roteiro, levando à saída definitiva de Whedon, que reclamou da falta de entusiasmo da Warner Bros. pelo projeto.
Em 2007 a Warner Bros. Incumbiu ao experiente diretor George Miller a responsabilidade de desenvolver um filme da Liga da Justiça em que a personagem esta inclusa na história e com um nível de importância bastante grande em comparação com seus companheiros de Liga, a atriz e modelo Megan Gale havia sido contratada para interpretar a personagem no filme, mas infelizmente pela orçamento muito acima do combinado e por algumas divergências criativas o filme acabou não saindo do papel, em 2008, Joel Silver contratou Matthew Jennison e Brent Strickland, que já haviam vendido um roteiro sobre a Mulher-Maravilha na Segunda Guerra para o produtor, para escrever um script situado em dias atuais. O longa, porém, continuou no limbo, a heroína ganhou uma nova chance na TV em 2011, quando Adrianne Palicki estrelaria a série produzida por David E. Kelley, mas o projeto não passou do piloto. Foi só em setembro de 2013, quando começaram a circular os primeiros rumores de uma presença feminina em Batman Vs Superman, que a esperança de ver uma nova Mulher-Maravilha nas telas ganhou força, então em dezembro do mesmo ano, Gal Gadot foi anunciada como a personagem, superando a concorrência das atrizes Elodie Yung e Olga Kurylenko para a representação de uma heroína tão importante nas telas cria a expectativa por um novo impacto cultural.
Foram 75 anos de espera para chegar as telonas um filme solo, de umas das heroínas mais importantes do universo dos quadrinhos, por tudo o que passou ao longo das décadas, a expectativa para que o filme dirigido pela talentosa Patty Jenkins honre nos cinemas mundiais sua história e sua luta constante por um mundo mais bondoso, essa importância junto a cultura social mundial é gigante, que busque dar voz a quem se silencia, que ilumine os que estão no escuto e que deixe bem claro qual é o lugar de Diana Prince a princesa de Temiscira na cultura pop mundial, junto a essa quantidade cada vez maior de filmes de super-heróis nos últimos tempos.
Que nessa quinta feira dia 1 de Junho com a chegada de seu filme solo, venha com ela a quebra, por exemplo, da velha richa entre meninos e meninos nas prateleiras das lojas de brinquedos em shoppings e do absolutismo das princesas de contos de fada da Disney, dando espaço também para as guerreiras e lutadoras. A Amazona da DC já sai ganhando no meio cinematográfico, pois após o anuncio de um filme solo da heroína, foi anunciado que ela ganhará companhia de Capitã Marvel e Batgirl que em um futuro próximo ganharam suas adaptações para o cinema em filmes solo, em uma luta continua buscando por representatividade e diversidade nos quadrinhos, nos filmes e nas séries de televisão. Mas um filme de uma personagem como a Mulher Maravilha tem o poder de carregar o peso de sua importância para transformar esses conceitos tão disseminados ao longo dos anos em novos padrões menos rígidos, mais flexíveis e com a mente mais aberta para que esses novos conceitos sejam digeridos da forma certa.
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