“ A seguir, uma releitura livre de eventos verdadeiros, muito livres”, é importante que a nova produção da Netflix avise seu telespectador antes, pois os que já leram, verão as diferenças entre a série um pouco mais dosada para a comedia, do que o livro que conta a história de uma jovem de demorou para descobrir seu lugar no mundo, e principalmente no mercado de trabalho, Sophia Amoruso dona da milionária loja virtual Nasty Gal em seu livro conta suas peripécias em um tom jocoso e até mesmo crível, a serie busca na fantasia e inclui ao mundo de uma jovem extremamente egoísta um romance piegas, e forçado para ganhar uma parcela maior de público.
Surge na tela a Sophia Marlowe (Britt Robertson), uma jovem de espírito livre, sem medo das consequências de seus atos, extremamente estilosa, cheia de atitude, e entendedora de moda, a partir de uma ideia simples começa a ganhar dinheiro vendendo roupas de brechó online através do ebay, mas ainda que tenha ideias empreendedoras modernas, seja uma fashionista, a jovem tem inúmeras atitudes politicamente incorretas, grosseira, egoísta e não quer saber de crescer e lidar com as consequências de ser uma adulta, o roteiro de Kay Cannon (A Escolha Perfeita) tenta colocar em um pedestal uma anti-heroína divertida, mas fica muito difícil torcer pela personagem em alguns momentos, por mais que a produção seja completamente em cima da sua estrela principal, peca ao tentar mostrar o lado mais vulnerável de sua personagem principal, os momentos mais que exigem uma profundidade emocional maior não são bem desenvolvidos, nem pelas atrizes, nem pela texto, muito menos a direção, a série da Netflix prefere vender sua estrela com um rotulo que é quase impossível acreditar que a Sophia original tenha aceitado o de “ItGirl Maluquete”.
Com tantas mulheres talentosas, e ícones femininos, inclusive a atriz Charlize Theron é produtora da série, a expectativa era grande principalmente quanto a questão do empoderamento feminino questão tão debatida nos últimos tempos, e tendo o luxo de ter uma jovem mulher com ideias empreendedoras extremamente modernas a série não entrega na verdade a cada cena, ela dá sinais de vai falar sobre o assunto, mas na cena seguinte sua protagonista comete atos contrários inclusive as suas atitudes, a sensação de chance desperdiçada é grande ao ver que a jornada de Sophia tomando as rédeas de sua própria vida pessoal e profissional, mesmo com as desconfianças de tantas pessoas inclusive as mais próximas sendo colocadas em tela de maneira tão pobre dramaturgicamente, obvio que é legal ver essa moça jovem ter ideias geniais superando cada obstáculo para conquistar seu objetivo, mas a produção não entrega algo que impacte ou de inspiração ao seu espectador, pois as tramas ao redor da sua protagonista são repletas de clichês, e exageros para desenrolar a sua primeira temporada, longa por sinal treze episódios é um número que o canal de streaming deveria proibir para suas produções, essa por exemplo poderia ser concluída em oito que não faria diferença nenhuma a produção, talvez deixasse até melhor e mais compacta.
Apesar dos erros que a série tem, também tem acertos e bem divertidos por sinal, ambientada no meio da década passada 2006, a história traz excelentes referências a cultura pop daquela época, principalmente no episódio de número quatro, que é centrado na série The OC, mas o melhor momento da série é quando brinca com os fóruns de internet de uma maneira genial muito Black Mirror, e que tem na atuação de Melanie Lynskey um show de talento e simpatia, ao mesmo tempo em que dispara veneno quanto a sua adversaria de mercado, a cena envolvendo Sophia e Annie (Ellie Reed) durante uma briga por MSN é daquelas que ficam inesquecíveis, palmas para roteirista pela inventividade, para o diretor pela condução da cena, e para as atrizes que conseguem desenvolver bem o que a cena exige delas.
Girlboss é divertida, tem uma protagonista mal escrita e principalmente com um arco de desenvolvimento dramático extremamente pobre, tem em suas participações especiais de elenco seu ponto forte Ellie Reed (Annie), RuPaul sem peruca e maquiagem, mas sendo hilário como sempre ao interpretar Lionel um segurança de aeroporto vizinho da protagonista, Dean Morris o pai de Sophia, Norm MacDonald o ultimo chefe dela, e Louise Fletcher ao interpretar uma senhora do banco de praça rouba a atenção em duas cenas curtíssimas, com muito espaço de tela e desenvolvimento raso Bitt Robertson se entrega a personagem, mas não entrega uma personagem interessante, dito isso a série capricha no estilo, com um trabalho de figurinos maravilhosos, mas erra com um roteiro sem profundidade alguma, é uma trama simples, leve e longa demais para assistir de uma vez só, mas fica a sensação de que poderia ter isso melhor do que foi.
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