Vigilante do Amanhã: Ghost In The Shell - Critica


            A Vigilante do Amanhã: Ghost in The Shell é uma incrível experiência visual, deslumbrante e impecável em seu design, que como se não bastasse ainda consegue encher os olhos do espectador com uma qualidade artística, conseguindo passear entre os cenários muito futurístico e as tradições japonesas, baseado em um mangá cyberpunk criado por Masamune Shirow, chega agora uma nova versão da história de uma humanoide criada para defender o mundo contra os crimes cibernéticos.
            Quando no início da produção, é dito a protagonista Major Mira (Scarlett Johansson) que ela é o que todos serão um dia, fica clara para o espectador que não conhece a origem nos mangás japoneses a importância da personagem para aquele universo, é a partir dela que será criado o conceito dessa mescla de humanos androides, através da junção entre o cérebro humano em uma estrutura corpórea de uma máquina, tem se o que eles chamam de o melhor dos dois mundos, e é exatamente para isso que a protagonista foi feita, para ser a melhor de sua espécie. Mas ela é apenas a primeira de uma futura longa linha de humanoides, tudo depende de como ela irá lidar com essa situação nova, entre agir pelo cérebro humano, ou pela capacidade de seu corpo de robótico, além de lidar com as lembranças de seu passado misterioso que de vez enquanto voltam a sua memória para lhe assombrar.
            Como toda boa ficção cientidica as ideias de futuro estão presentes na produção dirigida por Rupert Sanders (Branca de Neve e o Caçador), mas aqui são utilizados também como ponte de acesso à personagem principal, que tem corpo de androida, mas o cérebro humano que insiste em lhe tomar por completo, ela é confiante e possui uma inteligência acima da média, é uma guerreira mortal que trabalha com um objetivo bem definido, mas é quando histórias do seu passado a perturbam que vemos o quanto a personagem é vulnerável.
            O roteiro assinado por Jamie Moss (Os Reis da Rua) e William Wheeler (Rainha de Katwe) é interessante, e curioso, consegue desenvolver bem a sua estrela principal, mas o personagem secundário não tem o mesmo poder, o vilão Kuze (Michael Pitt) poderia ser um grande vilão, mas tanto seu tempo em cena como a própria performance do ator não contribuem para que isso funcionasse. Portanto quando nos é revelado a real identidade dele e os motivos pelos quais ele faz o que faz, não nos importamos como supostamente deveríamos nos importar, o mesmo se diz das cenas finais quando o filme parece nos induzir a sentir uma espécie de compaixão pelo personagem, quando a verdade é que ele nem sequer foi desenvolvido de forma que nos importemos com ele ao longo da trama.
            A Vigilante do Amanhã é um filme inteligente, ao tomar partido em relação a quem é o verdadeiro vilão da história, Kuze que teoricamente deveria ser a grande mente do mal, mas nem tão ruim ele é, a produção acerta ao se distanciar o filme da velha dinâmica entre o bem e o mal, onde todos tem papeis muito bem definidos e tudo é muito obvio, aliás é essa linha tênue entre o bem e o mal, que é capaz de render discussões intermináveis, tem ecos escondidos no passado da personagem que são interessantes, que conta com uma protagonista interessante e dedicada, com efeitos especiais estonteantes, conseguindo assim entregar um filme visualmente lindo e bastante divertido.


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