Se você nasceu nos anos noventa, Power Rangers são parte de sua infância, quem nunca chamou os amigos para dividir quem seria cada ranger, a magia de personagens tão comuns que ganhavam poderes, a partir de moedas para salvarem o mundo, era a alegria das manhãs de muitas crianças. Com muito sucesso nas telinhas naquela época ganhou um horroroso filme em 1995, que passava várias e várias vezes na sessão da tarde. Agora mais de vinte anos depois a história ganha uma nova adaptação para os cinemas, agora ao invés de colãs eles vestem armaduras e com efeitos especiais bem feitos.
O filme é dirigido por Dean Israelite do razoável Projeto Almanaque e é escrito por John Gatins que escreveu o roteiro de bom filme O Voo de 2012, a produção nas mãos dos dois busca recontar a origem dos poderes dos rangers e suas vidas pessoais, tenta criar um novo universo, uma nova mitologia para o que já é bastante conhecido por uma grande base de fãs apaixonados, dessa forma umas das coisas que mais chama a atenção do espectador é a forma interessante que o roteiro desenvolve a essência desses personagens, e desse mundo irreal em que eles são inseridos. É louvável a qualidade com que os jovens e seus arcos de história são construídos, um grupo de jovens que tem problemas ao seu redor até a nuca, todos sentem a sensação de não encaixar nesse mundo de aparências, são jovens, adolescentes aprendendo a lidar com a nova máquina de comando cheio de botões que é a vida de uma pessoa naquela idade, onde você é julgado a cada passo e cada selfie, mas é a partir do momento em que ganham os poderes percebem que chegou a hora de evoluir, amadurecer, e esse processo é gostoso de ser visto na tela, muito pela qualidade do roteiro de Gatins.
A produção giram em torno das escolhas desses cinco jovens, e a importância que o filme dá, ao nos mostrar que agora os rangers precisam resolver seus problemas pessoais, para poder merecer a armadura, enquanto eles lidam com isso, a vilã Rita Repulsa interpretada por Elizabeth Banks que está um pouco acima do ponto da personagem, assola a Alameda dos Anjos, em linhas gerais avaliando o filme todo, é um pouco irritante o tempo que é gasto no meio do filme, para os jovens tentarem morfar, com um prazo curtíssimo para resolver os problemas em que estão envolvidos e suas questão mais intimas, e só no final desse processo poder ser apto para salvador a pequena cidade.
Talvez o filme resolveu cedo os seus problemas, não acreditando tanto no sucesso nas bilheterias, pois os produtores falam em até sete filmes da franquia, se torna ousado o fato de concentrar um filme que se auto proclama de super-herói, que se imagina muitas cenas de ação e explosões, em cenas mais voltadas para os dramas pessoas dos protagonistas, a sensação é que a batalha maior daqueles jovens é com eles mesmos e seus problemas pessoais, do que salvar a vida da cidade, a ameaça externa não ganha o mesmo tratamento em importância, algo que pode incomodar os fãs, e os espectadores comuns que forem assistir ao filme.
Power Ranger não busca inventar a roda, é um filme assim como a série de televisão, cheia de clichês, os dramas dos adolescentes já foram tratados em outros filmes, mas nunca na franquia dos Rangers se deu tanta importância para a autodescoberta, a construção do filme é bem palpável, quase real, abrindo margem para se imaginar até mesmo em uma mensagem final, a busca por uma moral de história, que surge de forma superficial e por acaso entre os jovens escolhidos.
Um projeto promissor, que tenta passar uma certa seriedade presente demais em alguns momentos, buscando algo que não encaixa na própria franquia dos Power Rangers, dando a sensação que se inspirou em filmes de super-herói de sucesso que se utilizam do sombrio e realista, a franquia dos heróis coloridos sempre foi afundada na cafonisse e bregusse, e com ótimos momentos cômicos, nessa nova produção o humor é utilizado de leve, mas quando usado faz rir, é um filme com falhas, talvez longo, mas divertido, reinicia a franquia e expande o universo mitológico desses super-heróis que tem tudo para fazer uma nova geração de crianças, querer juntar seus amigos e fazer a coreografia, porque é hora de MORFAR!
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