Logan - Crítica


            Johnny Cash é uma voz poderosa, que infiltra em nossos corações em letras que falam de o quanto ele lutou contra ele mesmo, letras de composições poéticas, dramáticas pesadas, com dor, angustia, e sofrimento, ele e suas músicas embalam a última aventura de Wolverine nos cinemas, e não tem como não se emocionar ao assistir ao filme, saber que será a última vez que vemos Hugh Jackman na pele do mutante de garras de adamantio dói, mas nos prepara para um futuro cinematográfico sem o carcaju mais amado dos quadrinhos.
            Nunca estivemos tão dentro da história de Logan conseguimos nessa produção quase que tocar a aflição vivida pelo personagem no momento mais crítico de sua longa jornada cinematográfica, sua falência. O teor dessa falência é muito perceptível no físico do personagem, que mostra através das marcas quão longa e sofrida foi a sua trajetória, com esforço sobre-humano vivido de formas extremas ao longo de tantos filmes. Seu psicológico está extremamente fragilizado, onde o personagem encontra na figura de Charles Xavier (Sir Patrick Stewart) o ultimo motivo para continuar em sua jornada. É preciso parar um momento ao lembrar das cenas desses dois atores, que entregam suas melhores performances na pele de seus personagens, Xavier traz em seu olha toda a dor de não ter conseguido fazer o mundo melhor que tanto almejava, e Logan a dor e as marcas de batalhas pela proteção a terra com esforços físicos invejáveis, Jackman e Stewart se despendem da franquia X-Men com um nível de atuação impressionante.
            Mas seria banalizar demais a produção, ao colocar Logan um dos personagens do universo Marvel mais amados sem que houvesse algo que o impulsionasse, ou no mínimo lhe mostrasse, que há luz no fim do túnel, que ao ver que sua última batalha se aproxima, é possível acreditar no surgimento de uma nova geração que tentara manter o seu legado construído ao longo de dezessete anos de alguma forma, e porque não colocar a esperança nos olhos e almas de um grupo de jovens crianças.
            A trama é situada no futuro mais precisamente no ano de 2029, nos é apresentado um futuro distante para aqueles personagens já representados ao longo dos últimos anos, porém a forma como o diretor James Mangold nos aproxima desse futuro inóspito, é tão precisa que em nenhuma um momento é feito algo gratuitamente, como ao dar grande importância ao que significou os quadrinhos, celulares, drones e outras coisas, Logan por exemplo descobre o plano do vilão Dr. Rice (Richard E. Grant), que tem o objetivo de produzir mutantes geneticamente alterados, mas fortes e poderosos que a safra que já existiu, para treina-los e controla-los em um projeto de dominação mundial.  
            Existe, no entanto, um certo exagero na forma como o filme tenta explorar a reflexão de seu personagem principal e sua auto decadência, uma coisa que chega a cansar e decepcionar de certa forma no final do filme, por meio de uma batalha interna, mas que em sua totalidade consegue ser bem construída na personagem Laura (Dafne Keen), uma das crianças mutantes geneticamente modificadas e que no filme assume papel parecido, mas não igual ao de seus companheiros de cena. Onde um age como impulso para que Logan continue, e o outro como impulso para que Logan aceite a vida como ela é, dessa forma as tramas e arcos dos personagens se cruzam em um filme de estrada, fugindo de seus inimigos Dr. Rice e Donald Pierce (Boyd Holbrook) que querem a menina Laura.
            Logan é a conclusão perfeita de um filme que teve antecessores discutíveis, é a prova concreta de que um filme de super-herói se é que Logan seja um, pode sim ser uma obra legitima, com roteiro excelente, texto impecável, e direção visceral, que traz muitas reflexões em paralelo com o que acontece atualmente na vida real, discutindo neste caso o entorno da constante mudança e alteração no rumo da vida. Dificil que algum filme de herói supere esse quanto a peso narrativo e poder em construir um forte legado em uma franquia de sucesso, a maldição que o terceiro filme é sempre o pior parece que foi quebrada.



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