Feud - Critica


            Feuds não são sobre ódio, mas sim sobre dor, é com essa frase que Olivia de Havilland (Catherina Zeta-Jones) abre a aguardada produção de Ryan Murphy, a frase reflete a relação de Bette Davis e Joan Crawford as brigas e intrigas das brilhantes atrizes, que nunca deixaram claro o porquê de não se gostarem, mas esse é o porquê que a série busca responder, mostrando a relação das duas durante o único filme que fizeram juntas. Como também diz Olivia no episódio piloto a relação de entre as estrelas tomou proporções bíblicas.
            Ryan Murphy colecionador de sucessor como Glee, Nip/Tuck, American Crime Story, escolhe mostrar o quão conturbado foi o processo de filmagens da obra de Robert Aldrich, “O Que Aconteceu Com Baby Jane? ”, longa que colocou Bette Davis (Susan Sarandon) e Joan Crawford (Jessica Lange) em caminhos diferentes, mas com destino igual a colisão de talento das duas não deixaria pedra sobre pedra, nos estúdios de Hollywood.
            No episódio de estreia do último domingo (5), começamos a conhecer os momentos inicias dessa disputa, que recolocou as duas estrelas no topo, como também deixou a rixa entre as mesmas ainda mais acentuada, a narrativa do episódio foca no desejo de Crawford em retornar ao estrelado após ver de longe a ascensão de novas estrelas, como a apaixonante Marylin Monroe. O esquecimento dos produtores de cinema, para com seu talento incomodava, a sensação de ser esnobado por jovens bonitas de peitos fartos e sem medos de usa-los como entrada em grandes produção, a deixavam extremamente irritada, a busca da atriz por um projeto que coloquem mulheres da sua idade com o devido destaque, não poderia ser uma discussão mais atual, ou mais atemporal, em um mercado que tornou suas grandes estrelas de tempos atrás descartes rápidos para atrizes e atores mais jovens, mais bonitos, e mais sarados. A alegria nos olhos de Ms. Crawford através dos olhos da maravilhosa Jessica Lange, enche os nossos corações com sua esperança, como se fosse uma última oportunidade de voltar ao lugar que nunca deveria ter deixado, o romance de Henry Farrel, que focava em duas irmãs, antigas do showbusiness, num tenso thriller de terror, e nada seria mais justo que convencer sua grande rival a participar desse projeto.


            Murphy usa com muito inteligência o material que tem em mãos, desde a abertura, que usa com grafismos para mostrar do que a trama se trata, e o que veremos nela a partir daquele momento, há um momento memorável de uma esperteza e sagacidade ímpar, onde Crawford convence o diretor Robert Aldrich (Alfred Molina) a realizar seu audacioso projeto, e os dois ouvem Autumn Leaves na voz de Nat King Cole, que faz parte da trilha sonora do filme original de 1962. A inteligência da série começa com a escalação de seu elenco, focada na dinâmica de suas protagonistas Murphy, não poderia ter escolhido um par de atrizes melhor para entrarem na pele de duas divas do cinema de hollywoodiano, Sarandon e Lange, brilham em cena, com diálogos afiados, rápidos, repletos de inveja uma para a outra, mas com um objetivo em comum o topo.
            Com quase uma hora de vídeo, mas em nunhum minuto maçante, é notável a força nas figuras de Crawford e Davis, assim como o brilho de suas interpretes Jessica Lange e Susan Sarandon, algo fundamental na busca por focar na dor e agonia em tempos tão difícil para o cinema americano, e na rivalidade entre as duas. Isso com toda a certeza será o fio condutor da série e deve ser, mas Murphy consegue com muito talento discutir outras questões desse momento marcante do cinema, como a ascensão da televisão, a crise dos estúdios, e a sensação das atrizes em serem produtos descartáveis assunto levantado no episódio de estreia.
            Dica importante caso não tenha assistido assista O Que Aconteceu Com Baby Jane?, dirigido pelo excelente Robert Aldrich, e mostra o talento de duas estrelas de Hollywood Joan Crawford e Bette Davis. Feud é exibido todo domingo no canal FX.


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