A Lei da Noite é um filme de Ben Affleck, que tenta com a produção infiltrar no inconsciente humano assuntos sérios e importantes para gerar grandes discussões no meio de uma narrativa popular como vários outros grandes astros do cinema americano já o fizeram anteriormente, ao pôr um certo trafico de ideias que gera interesse no espectador comum, e em critico mais detalhista.
Mas toda idealização de mudar paradigmas, tem custos altos para o galã e outros tantos que o fazem, a crítica americana e parte da crítica mundial teve uma má recepção quanto a produção, mas é injustiça com a obra não olhar e parabenizar seus méritos, embora seja sim uma trama cheia de irregularidades, mas Bem Affleck consegue trazer uma quantidade interessante de boas questões ao longo da produção.
É preciso esclarecer que o filme tenta de forma muito clara ser uma produção boazinha, sem colocar o dedo na ferida de ninguém, tem boas ideias sempre muito interessantes que saltam nas telas como se ainda estivessem no roteiro datado e monótono, essa característica mostra duas particularidades, a primeira e mais óbvia é essa irregularidade contida no filme, a outra é que pôr essas ideias ainda estarem tão frescas, elas surgem com muita força, com muita evidencia, mas deixando no mínimo o interesse do espectador que pagou o ingresso em ver o que vai acontecer até o fim do filme.
A trama nos apresenta Joe Coughlin (Affleck) um inspetor de polícia que se envolve com a máfia e parte para a Flórida a fim de inspecionar a entrada de bebidas alcoólicas e realizar uma vingança pessoal, o filme é uma crônica da construção da identidade americana, o resgate do filme de gênero gangster na sua forma mais purista é uma confirmação desse objetivo, e feito de forma muito interessante, o longa retoma esquemas narrativos muito claros e vivos na memória dos fãs do gênero que teve seu auge nos aos trinta e quarenta, existe no filme essa necessidade de reviver tudo o que existe naquele universo. Essa sensação toma conta tanto no tom narrativo que muitas vezes lembra um conto moral, quanto na estética que parte de uma releitura totalmente modernizada do filme de gênero gangster, com uma excelente direção de arte que recria de maneira primorosa os tempos da proibição das bebidas alcoólicas, isso aliado à uma direção cheira requinte criando uma aura em torno daquele mundo, propondo uma reconstrução estética daquele mundo.
A produção tenta enxertar uma série de questões válidas por baixo de sua narrativa de gênero, enquanto que os filmes que tem sido valorizado no momento são aqueles que escancaram de fato os temas que se propõem a debater, um claro exemplo disso são os indicados ao Oscar desse ano de 2017. Não podemos considerar o filme uma produção crua em seu estilo, ou simplesmente plástica onde sua narrativa é o grande ponto do longa, mas sim parte de um pretenso requinte estético. O longa consegue trabalhar muito bem a questão da própria nação americana, em que a identidade dos EUA já nasceria da corrupção e da violência, é interessante verificar como o filme em alguns momentos se aproxima de uma fabula moral em que o bandido vai criando consciência dos seus atos e de suas ações violentas para com os outros, e assim virando uma pessoa melhor.
A Lei da Noite é um longa que parece ser incompleto, não dando real certeza de qual seja sua temática ainda que essa quando são perceptíveis são muito interessantes, mas é arrastado, cheios de momentos em que se vê a necessidade de explicar uma série de informações, além de construir uma narrativa que no final desaponta pela mesmice e obviedade, mas mostra que Ben Affleck tem boas ideias e tem uma interessante maneira de fazer seus filmes, e nessa percurso cheio de erros e acertos ao se distancia de tudo que está fazendo sucesso ultimamente, esse último ponto está sendo mais ressaltado no momento com o passar do tempo poderemos ver se o ator consegue virar uma visionário diretor.
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