Lion: Uma Jornada Para Casa - Critica


            Lion: Uma Jornada Para Casa, poderia muito bem seguir a tendência dos filmes baseados em histórias reais, que costumam apelar para o choro fácil, cenas muito tristes sem fazer sentido para a trama, mas que parece ser necessária colocar uma cena muito triste para que o espectador se envolve, ou acredita no que está sendo contado na tela de cinema, mas Lion não deixa de fazer isso, mas o faz melhor, não escara uma história tão comovente.
            A trama nos apresenta a vida de Saroo, um garoto indiano que se perde da sua família e acaba sendo adotado posteriormente por um casal australiano. Interpretado pelo excepcional Sunny Pawar, o protagonista tem sua jornada mostrada no ato inicial do filme junto ao seu irmão Guddu (Abhishek Bharate), duas crianças que trabalham desde pequenos para ajudar a mãe nas despesas da casa, já que as condições dessa família não são boas, vale dizer que o trabalho executado por esses dois pequenos atores é impressionante, claramente se doaram para seus personagens, fazendo com que o começo do longa chame a atenção do espectador que se envolve com a trama graças a interpretação comovente dos pequenos.

            Com direção do iniciante Garth Davis, que consegue conduzir o filme muito bem, a partir de um roteiro clássico, o filme é dividido em três blocos, o primeiro como descrito antes é a história de Saroo que se perde de sua família e vai até a adoção por um casal australiano. O segundo traz Saroo já crescido agora interpretado por Dev Patel que consegue entregar uma boa interpretação, mas não tão envolvente quanto do pequeno Sunny, no segundo ato nos é mostrado sua vida ao lado de seus pais adotivos interpretados por Nicole Kidman e David Wenham e seus irmãos Mantosh também adotado, é mostrado aqui um desenvolvimento da carreira profissional do protagonista e de seu romance com Lucy vivida pela excelente Rooney Mara.
            O diretor consegue fazer um trabalho muito delicado, mesmo sem tirar o peso da história, e consegue justamente no fato de não progredir demais na trama no segundo ato do filme, deixando o melhor momento para o último bloco da produção quando a cidade natal na India de Saroo volta a ser evidenciada, através da sua incessante procura pela sua família biológica sem ter nenhuma informação sobre, apenas suas memorias quando criança. Apesar de o filme ter uma formula pronta, os recursos que o diretor utiliza para conduzir sua trama funcionam muito bem, como o jogo entre o presente e o passado exposto através do personagem de Saroo, que de pouco a pouco começa a rememorar antigas experiências em seu pais natal que o ajudam na busca por sua família biológica, desse modo, mais do que apenas passar uma história real para o cinema, o filme busca entender todas as tristezas e amarguras desse jovem e como isso se desenvolveria nas pessoas ao seu redor.
            Lion: Um Jornada Para Casa é um filme sentimental, tocante, e muito comovente, que do primeiro ao último minuto prede a atenção do espectador com uma história nada comum, com um protagonista muito bom cheios de demônios internos, das coisas que passou quando criança, consegue achar na figura do pequeno Sunny um nova estrela com um olha que te emociona pela pureza da criança, tem roteiro redondo sem inventar demais, com uma direção segura e um elenco bom, o filme consegue ser um bela surpresa desse início de ano, e já que essa é uma história que busca na figura do menino reencontrar a sua origem, sua família biológica, e mostra o quanto o medo de esquecer de onde veio e de quem veio o assusta ao longo de sua vida, é uma história enraizada na família.       


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