A Grande Muralha - Critica


            A Grande Muralha tem uma clara e obvia proposta, se tornar um blockbuster chinês, em um projeto que não esconde em nenhum momento seu anseio em mostrar o quão forte o mercado cinematográfico no pais asiático, mas mostrar o quão forte tem se tornado o consumo de cinema no mercado oriental, vide que muitas produções tem dificuldades de entrar nas salas de cinema de lá, essa clara obsessão é notada em uma mescla entre um elenco conhecido do público mundial, e o elenco chinês, com predominância de diálogos na língua chinesa, e no roteiro que busca um dinamismo conhecido do cinema oriental, em detrimento a qualquer outra coisa, nos efeitos especiais e até mesmo na lição de moral no final do filme.
            A história da Grande Muralha supõe que o monumento que batiza a sua produção, tenha sido construída para conter uma invasão de criaturas monstruosas e bizarras que se alimentam de carne humana. A trama gira em torno de dois mercenários do ocidente William (Matt Damon) e Tovar (Pedro Pascal), que chegam na china a fim de roubar pólvora para revender, mas acabam entrando na luta do exército que defende a muralha da China do ataque desses monstros.
            O diretor Zhang Yimou diretor de O Clã das Adagas Voadoras de 2004, é um dos mais respeitados diretores do cinema oriental, ele desenvolve a sua trama muito segura em sua equipe de efeitos especiais, que faz um trabalho excepcional o filme é colorido na medida certa, misturando as cores primarias, ao um cinza grafite buscando encontro a escuridão profunda de não saber o que os rodeia ao redor da muralha, um visual estonteante, mas como seus outros filmes, não consegue desenvolver seus personagens, em momento algum ele dá ao espectador a sensação de se preocupar com os protagonistas, são meramente descartáveis, que se morreram não fazem falta a trama, trama essa que não tem muito o que mostrar, além de sequencias de ação lindas, e efeitos de computação gráfica magníficos.
            Com esteticismo coberto em camadas e mais camadas de CGI, o filme não aprofunda sua história, encontra em suas sequencias de ação e guerra, prender o público, momentos como quando um personagem morre e logo após é mostrado um sequencia visualmente linda, realizando um funeral em lanternas chinesas pintam o céu da noite à beira da Muralha, mas tira o peso da cena da morte, você não sente nada pelo que está sendo mostrado, é mais uma informação de um filme com trama confusa e narrativa fraca, e frágil dando um senso de busca simples por um filme extremamente comercial que faz com que o estilo do diretor mais pareça um simples bloco de carnaval no meio de um desfile de alegorias sem nexo ou lógica.
            Além dessa construção de trama que não existe, os roteiristas Tony Gilroy (Rogue One), Carlo Bernard e Doug Miro (Narcos), tentam forçar inúmeras vezes a importância da lição de moral, no pensamento dos roteiristas, os dois mercenários vão aprender com aquelas batalhas o que é ter uma função honrosa e nobre em busca de um bem maior, é ensinando o quão poderosa é essa doação a um objetivo maior e proteger a vida de muitas pessoas, em detrimento aos desejos supérfluos da dupla de ladrões. Mas o problema no filme não é nem contar a lição de moral, mas sim conta-la de forma escancarada achando que o espectador não tem a capacidade de entender as entre linhas, deixando a lição de moral pedante, banal, e uma sensação de forçação de barra.
            A Grande Muralha é uma caricatura de filme chinês, repleta de exageros que contribuem para que a produção deixa a simples sensação de que quer fazer sucesso apenas em seu pais de origem e nenhum outro lugar, o elenco do filme claramente constrangido pelo cheque que receberam pela trama, Matt Damon até se esforça para em fazer aquilo que está acostumado a fazer cenas de ação, infelizmente o filme fracassa em achar que muitas sequencias de ação cheias de efeitos especiais mantem o público na sala de cinema, porem existe um claro esforço em tentar fazer deste um filme grande de muito sucesso, mas sua ânsia por sucesso é tanta que acaba virando um produto comum e descartável.


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