Vin Diesel é um daqueles atores de gênero, e que gosta de ser ator de gênero, quando tentou fazer algo diferente, não saiu lá coisa muito boa como a terrível comédia Operação Babá, mas ele sabe o que sabe fazer, e é filme de ação, com carros voadores, muitas explosões e lutas corpo a corpo, o ator faz isso e faz bem, não precisa interpretar bem, sabe se impor em cena, e se coloca bem para as estripulias acrobáticas do cinema.
O que vemos agora em XXX: Reativado é um ator confortável em cena, que aparece em cena neste terceiro filme da franquia de espiões esportistas e visivelmente à vontade, com as cenas e seus desenvolvimentos, alguns momentos o conforto do ator nas cenas que se tornam acomodados para um espectador que já sabe o que vai encontrar nos filmes dele, mas quer vê-las de uma forma diferente, nova, surpreendente, o filme em sua totalidade é uma grande e irônica parodia de James Bond, não o mesmo ator que nos incorpora Dominic Toretto da franquia Velozes e Furiosos com perfeição, e sim um Vin Diesel mais afetado, com gestos excessivos, expressões demais, coisa para o público normal do ator, vão estranhar e muito, pois sabe das limitações cênicas do ator, a escolha de transformar o personagem em uma caricatura de si mesmo irrita em várias cenas pelo excesso, mesmo quando topa em cena com outros atores, fica muito claro a tentativa do ator em ter a sua presença mais destaco, com casacos de pele extremamente fora de contexto para o ambiente onde as cenas seguintes são gravas, são utilizados apenas como adereço carnavalesco para aumentar ainda mais a presença do ator em cena.
Com um roteiro muito simples, até demais para um filme de ação, que precisa pelo menos de um “plot” interessante, mas nem isso o filme se propõe, são inúmeras cenas de ação e lutas, seguidas de explosões e exposição de corpos vulgarizando cenas, o roteiro é tão raso, que por pouco ele não foge de sua premissa original de ser um filme de ação envolvendo esportes radicais, para ser um filme de poligamia amorosa, sim vários amores verdadeiros para Xander Cage, a direção de D.J. Caruso usa muito do artificio das cenas sexuais, aliás abusa das mesmas, os bons momentos deste filme, ou pelo menos os momentos mais inesperados , são até um toque de novidade para uma franquia crua e linear como estas, a ótima Nina Dobrev consegue fazer uma nerd muito bem, como ótimos diálogos surpreendentemente bem escritos para pontuas como seu jogo de palavras e de insinuações desconcerta Cage, e depois no encontro de Deepika Padukone com Ruby Rose, cercado de coisas aleatórias jogadas em cenas para tirar atenção do espectador das interpretações, como a metralhadora primeiro, a troca de pistola depois, como voto de confiança, até as facas no final, que infelizmente não se consume em cena de romance entre as personagens, por pura falta de coragem do diretor.
O filme seria interessante, se não se levasse tão a sério como produto cinematográfico, as sequencias de frases de efeito, as viradas no roteiro, a resolução que deixa tudo pronto para continuações, tudo se organiza neste filme em nome de um nicho de mercado, e não deixa de ser irônico que uma das melhores piadas do filme é sua produção em si, agora é esperar e ver o que vem por ai com Vin Diesel bem disposto para cenas de ação, e o que mais o corpo do ator aguenta com cenas de ação em uma franquia que já está pra lá de cansada, com aparência de que vai quebrar rótulos, mas só o que consegue é ser mais um no meio de tantas comédias de ação.
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