La La Land: Cantando Estações - Critica


La La Land: Cantando Estações é uma poesia musical para os olhos, que aparece agora como um herdeiro de um gênero icônico no passado de Hollywood, o último ano em que um filme musical propriamente dito foi indicado ao Oscar de melhor filme foi em 2003 com Os Miseráveis, antes disso somente em 2003 com o aclamado Chicago, um musical que havia conquistado múltiplas nomeações. Mas essa nova produção também aparece como precursor de uma possível nova fase do mesmo, inovando em busca de dar continuidade a um modelo muito querido pelo público.
O diretor desta produção é Damien Chazelle é o mesmo do aclamado Whiplash, em que o diretor já havia mostrado sua condução talentosa e seu lado musical se encontrava lá, com exigências e importâncias que passavam através do personagem de JK Simmons que faz uma pequena ponta nessa nova produção, nesses pequenos momentos ele dá um brilho a mais a produção, Chazelle que vinha sendo considerada uma promessa do cinema americano agora mostra que ele é uma realidade dentro de Hollywood, seu novo filme acima de tudo mostra grande satisfação de um cineasta novo, que carrega uma enorme experiência consigo.
Com uma abertura espetacular com “Another Day Of Sun”, onde o diretor nos conduz através da lente da câmera que passeia por uma avenida, em um plano sequencia onde a primeira performance musical é mostrada, dando ao espectador o plano de sonhos de muitos jovens de irem para Los Angeles em busca de um sonho ser uma estrela de cinema, somente após essa cena lindíssima, é que o diretor nos apresenta a protagonista Mia interpretada por Emma Stone que está no seu melhor papel da carreira, ao longo do filme você enxerga a entrega da atriz a produção musical e a importância que o filme tem para a jovem atriz.
Mia é uma atriz que vai a Los Angeles assim como tantos outros para um teste em Hollywood, ela carrega o filme nos minutos iniciais mostrando a dureza de quem sonha com o “show business” ela faz muitos testes, é atrapalhada em muitos deles, os produtores sem paciência, a sequência de testes nos mostra a dificuldade de uma chance para os jovens atores, ela ainda trabalha como garçonete nos estúdios Warner Bros, poesia de Chazelle que também escreve o roteiro do filme ao mostrar o sonho da jovem mas ao mesmo tempo tão longe a cada não que ela recebe, as cenas musicais continuam em uma boa performance de Stone e suas colegas se preparando para ir para uma festa cantando Someone in the Crowd, é bonita as escolhas de cores primarias do diretor e iluminação as transições de cena beiram a poesia.
Sebastian interpretado por Ryan Gosling, é um pianista de Jazz, que vislumbra para ele um pequeno pub fazendo shows pequenos de pura arte, uma mistura de samba e tapa, o personagem toca piano em um restaurante que tem como dono JK Simmons, o jovem musico tem uma performance no piano arrepiante para quem gosta da boa música instrumental, o piano quase ao vivo é um presente aos ouvidos e a direção é limpa, delicada o uso de contra pontos de luz é brilhante, ao iluminar a estrela e o seu redor não haver nada é seu momento de solo de brilhar, Gosling não entrega uma interpretação espetacular mas não atrapalha  as cenas com sua colega de cena são um pequeno problema, pois a mesma engole ele com seu brilho, charme e carisma.
Sebastian e Mia não começam juntos não tem o clássico romance Hollywodiano, mas quando se encontram é mágico, a jornada do casal é acima de tudo de aprendizado, onde mais que evidenciar o teor romântico que ambos vivem, há a necessidade de mostrar o quanto um interfere na vida do outro de forma positiva ou negativa, em momentos bons ou ruins. Temos então, uma história que foge do trivial, concebendo assim, personagens que se modificam ao longo da trama, o arco de ambos é bonito e bem construído pelo diretor, na maioria das vezes o problema de um filme musical é justamente quando as performances musicais comprometem o desenvolvimento do roteiro, o que não é o caso de aqui, que transforma essas cenas em grandes atrações que sempre estão inerentes ao script.
As qualidades do filme vão desde de uma trilha sonora excelente, passando por uma decapagem onde a câmera passeia pelo cenário, a uma direção que consegue captar os sentimentos de cada momento vivido pelos protagonistas. O diretor já havia mostrado talento ao dirigir Whiplash, o diretor mostrou a sua capacidade no trabalho sonoro, tanto em seu design de som, quanto na própria trilha. Jazz seria então sua zona de conforto natural, então porque não o usar novamente, ele decide não só buscar o ritmo musical que tão idolatra como o aperfeiçoa, como na cenas com Jhon Legend.
La La Land: Cantando Estações merece então todos os elogios que já vieram e virão pela frente, com uma cena final memorável, onde o diretor nos mostra um futuro imaginário exposto ao se espectador envolvido na história, a produção mostra que é possível sim, resgatar a essência dos musicais Hollywoodianos, por meio de referências e até mesmo estruturação, mas também é possível inovar através do uso de diversos elementos técnicos e narrativos que dialogam com nosso tempo atual.

Obs: Ouça a trilha sonora do filme que é brilhante e está disponível no spotify.


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