Quando peguei para assistir Manchester a Beira-Mar, sabia o que filme não seria fácil, pois todos os críticos até mesmo os mais severos comentam sobre as tristezas e amarguras do filme, que são tratadas pelo diretor Kenneth Lonergan mesmo de Magnólia (2011) com todo o peso da dor, sofrimento, perda, luto, e relações mal resolvidas do passado.
A trama nos apresenta Lee personagem do excelente Casey Affleck, que entrega aqui o seu melhor trabalho cênico, interpretação introspectiva, emoções contidas internamente, o peso de suas cenas são vistas nos olhos do personagem, percebidos o peso de uma vida cruel nos ombros arqueados, a dor da perda no olha vago é de uma sensibilidade tocante, o diretor faz questão de lidar com seus personagens através da dor, no segundo ato do filme o personagem de Affleck recebe a notícia de que seu irmão (Kyle Chandler) faleceu e se vê forçado a retornar à cidade que deixou para trás, consternação do personagem de ter de voltar para o lugar que quis esquecer que existia, das coisas que havia vivido, das dores que tinha sofrido, das lagrimas que deixara cair, são vistos nos olhar do ator que transmiti em perfeição a tentativa do personagem em tentar fugir de sua passagem pela cidade de Manchester, a fria e cinzenta cidade é outro ponto interessante do filme que se utiliza muito bem do clipe inóspito para aumentar ainda mais a sensação de amargura em filme que caminha a passos lentos para um final que não será feliz, de união, não terá uma redenção de personagem, não terá uma família feliz ao redor de uma mesa farta, fazendo suas preces antes do almoço de domingo.
O trabalho do roteiro inspirado em dor e amarguras, fica ainda melhor com a introdução de Lee na vida de seu sobrinho Patrick (Lucas Hedges, um jovem de dezesseis ano, atleta, com duas namoradas, guitarrista de uma banda, e cheio de sonhos e fantasias para seu futuro, em contraste com a amargura de seu tio, a relação de convivência dos dois dentro da casa é interessante e ver como a dor da perda do pai e irmão caem sobre os dois de formas diferentes, mas quando eles percebem a tristeza toma conta, os diálogos entre os personagens é inspirado com sutilezas de texto do diretor e roteirista, encontrando espaço até mesmo para um humor desajustado e desconfortante, mas que cai bem para o fluxo comum da trama, Michelle William que vive a ex-mulher de Lee, tem aqui poucas cenas, mas em todas ela está acima da média, com a importância necessária, com a dor necessária, com a tristeza e amargura de quem viveu coisas que muitos nem em seu pior pesadelo já passaram.
Kenneth Lonegan consegue manter um tom só do início da trama ao fim, com uma trilha sonora que movimenta o filme e a desenvolve, esquece o apego do cinema comum pelos personagens e seus arcos narrativos ou jornadas, ele está focada é um desenvolver o sentimento, em mostrar a dor, em acalmar a tempestade interna de todos nós ao perder alguém que amamos, a loucura de fazer coisas que não eram suas obrigações e de uma hora para outro agora são, Manchester a Beira-Mar é um filme amargo, triste, sofrido, melancólico, mas bonito, amável, e envolvente, leve lenços as cenas são em sua maioria muito reais e tristes.
“A morte não é a maior perda da vida. A maior perda da vida é o que morre dentre de nós enquanto vivemos” (Picasso)
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